As melhores práticas para o RH estratégico em tempos de pandemia

O novo coronavírus ainda não havia se disseminado no Brasil quando Leonardo Eugênio, gerente de Treinamento e Comunicação Interna da Vivara, fez uma pesquisa rápida de 14 perguntas com profissionais da área de Recursos Humanos sobre quais ações de prevenção as empresas deles estavam tomando. Naquela altura, as 17 empresas que responderam à pesquisa já tinham divulgado comunicados de prevenção, comunicados com respostas às principais dúvidas e feito reforço do álcool em gel. Nem todas, porém, tinham cancelado as viagens nacionais, os eventos corporativos ou colocado seus colaboradores em home office ou quarentena após viagens internacionais.

A partir dos resultados da pesquisa, Leonardo montou uma planilha, que, para a surpresa dele, acabou ganhando o Brasil, disseminada em grupos de WhatsApp. “A pesquisa contribuiu para que o RH tivesse força para repensar a forma de trabalho”, entende Leonardo, que divide em cinco fases o processo que temos vivido:

Fase 1: Descrença. Assistíamos e víamos a crise em terceira pessoa – “O que eles (chineses) estão passando.”

Fase 2: Apreensão. Novos países atingidos, com destaque para a Itália – “O que eles (italianos) estão passando.”

Fase 3: E agora? Dia 1 no Brasil, uma avalanche de estatísticas catastróficas dentro de casa – “O que nós vamos passar?”.

Fase 4: Hoje. Cenário volátil, pouco controlado e com muitas decisões on time.

Fase 5: O que será? Incertezas em relação às próximas semanas e meses.

Para Leonardo, algumas questões ficaram claras nesse processo: “A falta de informação pode matar; o grande dilema do home office, principalmente entre as pequenas e médias empresas que não têm a estrutura das multinacionais; e o papel do RH de levar estabilidade e amparar a organização, olhando para o lado humano”.

Leonardo apresentou esse conteúdo no webinar “As melhores práticas para o RH estratégico durante a pandemia Covid-19”, organizado pela ABRH-SP na manhã de 20 de março por meio da plataforma Zoom e com o apoio da MicroPower. Guilherme Cavalieri, presidente da ABRH-SP, abriu o webinar, que também teve a participação do diretor de Relações Internacionais da Sobratt – Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades, Cléo Carneiro.

Implantação emergencial

Cléo Carneiro falou, durante o webinar, da implantação emergencial do home office: “Temos agora uma questão de saúde pública. O primeiro objetivo é eliminar os riscos de contaminação, evitando que as pessoas se desloquem, e o risco de aglomeração nos escritórios. O segundo é possibilitar a continuidade das operações e o terceiro é mostrar que a empresa tem apreço pela saúde de seus colaboradores”.

Segundo ele, a implantação do home office deve ter o envolvimento das áreas de RH, Jurídica e TI, além dos gestores e colaboradores. “O RH precisa criar e deixar claro as condições de elegibilidade, levando em consideração que processos operacionais não podem ser operados de casa. Também deve manter um processo on-line de comunicação permanente com o colaborador sobre o que está acontecendo, sempre dando feedback. Para fazer isso, tem de realizar reuniões virtuais periódicas de acompanhamento. E, ainda, prover certo conforto por meio de informações.”

O Jurídico também tem um papel importante na implantação porque vai blindar a empresa ao estabelecer as regras com relação aos aspectos jurídico-trabalhistas – controle de jornada, horas extras, benefícios, prevenção e comunicação de acidentes, entre outras. Já a área de TI precisa definir a infraestrutura necessária – equipamentos, programas e ferramentas colaborativas – para a execução das atividades em home office, observando as questões de segurança da informação. “Também deve estabelecer soluções de contorno para as situações de impossibilidade de atender a todos os requisitos da infraestrutura”, enfatizou Cléo.

Agora, não adianta nada ter os processos estruturados se não houver uma relação de confiança recíproca entre os gestores e os colaboradores. “Não faz sentido o gestor verificar se a pessoa está trabalhando a cada 10 minutos. Ele tem como tarefas definir as atividades a serem executadas de maneira clara com os respectivos prazos, determinar as regras de monitoramento e apoio às atividades que serão desenvolvidas e manter um processo de comunicação permanente, com orientação e feedback.”

Por fim, os colaboradores devem estar disponíveis no período da jornada, reportar as intercorrências ao gestor, à área de TI e RH, em função do tipo de problema que possa encontrar; criar um “acordo familiar”, para que não haja interferência por parte dos habitantes da residência; e executar as atividades em um ambiente físico minimamente adequado, em termos de mobiliário e ergonomia.

Cléo também deu um recado a todos: “O principal, neste momento, é exercitar a empatia”. E disse acreditar que, passada a pandemia, o home office ficará. “Não acho que vai ser um paradigma simples de ser quebrado.”

Fonte: O Estado de São Paulo, 29 de Março de 2020.

ABRH-SP

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