Demonstrações fiscais em tempos de pandemia

Com os impactos causados pela pandemia na produção e rendimentos das empresas, especialistas em governança corporativa sinalizam modificações e detalhes aos quais as firmas precisam prestar atenção no ato de realizar as demonstrações financeiras intermediárias e anuais.

Em relatório elaborado pela empresa de consultoria e auditoria PwC Brasil, consultores apontam cuidados extras para cada tópico de boletins financeiros. “As normas contábeis não mudaram. O desafio é aplicá-los no cenário de mudança e muita incerteza do que vai acontecer. No passado, a empresa tinha planos de negócios, mas agora há o choque da Covid-19, que impactou todas as partes desse plano, e isso se reflete nas demonstrações”, conta Kieran McManus, sócio da companhia.

Entre as principais precauções no desenvolvimento dos relatórios, está a separação entre o que é efeito direto ou indireto do vírus e o que pode ser resultado de processos internos. Também é importante detalhar todas as medidas tomadas com funcionários da empresa e eventuais despesas adicionais que tenham surgido.

O estudo apresentado pela PwC Brasil indica os principais parâmetros e normas já adotados na escrita de relatórios financeiros, mas reforça a necessidade de fornecer a explicação detalhada do contexto econômico do País e como isso afeta a empresa. Depois, é preciso determinar uma taxa de desconto do impacto do vírus e separá-lo de outros fatores, como o risco país e outras taxas.

“Nesse momento, pode ser difícil separar essa taxa, pois ocorrem mudanças nas taxas de juros, valor de câmbio, oscilação da Bolsa, mas tudo tem de estar explicado detalhadamente para uma análise mais precisa”, afirma o sócio da PwC Brasil.

As companhias devem realizar diferentes testes para avaliar se não houve deterioração de ativos não financeiros pelos efeitos da pandemia, mesmo em áreas que não tinham sido afetadas diretamente durante as mudanças operadas.

O estudo sugere que a administração apresente múltiplos cenários conforme os possíveis desdobramentos que o novo coronavírus pode provocar no futuro. “As empresas precisam apresentar pelo menos três cenários que chamamos de otimista, realista e pessimista e desenhar possíveis atitudes de acordo com cada um deles. Antigamente, muitas empresas apresentavam um cenário mais provável”, aconselha McManus.

Também é importante comunicar as medidas para evitar a disseminação da Covid-19 e planos de adaptação de escritórios, extensão de home office, adaptação de infraestrutura e quanto foi gasto com todas essas políticas.

Com a instabiidade econômica, investidores esperam relatórios mais completos de riscos e perdas de crédito e liquidez por parte da empresa, aspectos que poderiam não estar fortemente presentes em demonstrações anteriores. A PwC Brasil sugere que pode ser necessário fazer divulgações adicionais para comunicar mudanças de fluxo de caixa, faturamento e acesso a linhas de crédito governamentais.

Em relação a funcionários e colaboradores, a companhia deve informar obrigações legais para com seus funcionários em relação ao vírus, por exemplo, auxílio-doença ou pagamentos para empregados que estiveram em isolamento voluntário. Todas as atitudes, como desligamento de trabalhadores, redução de jornada e suspensão temporária de contratos, devem ser justificadas com o respectivo impacto financeiro para as empresas.

A publicação da PwC Brasil sugere o maior detalhamento das demonstrações intermediárias, incluindo os eventos ocorridos desde as apresentações anteriores e a adequação de estimativas e projeções.

Assista ao nosso vídeo e saiba mais sobre monitoramento de prática fiscal e contábil:

Grupo Studio

Posts Relacionados