Educação financeira nas empresas funciona?

O número de endividados não para de crescer no país. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) 67,1% das famílias brasileiras possuem dívidas. Neste cenário a educação financeira nas empresas assumiu um papel importante.

Alguns motivos colaboram para essa estatística alta, entre eles, a alta taxa de desemprego no país e o consumo inconsciente da população, que tem o hábito da compra por impulso.

Com a pandemia do coronavírus, a tendência é este número aumentar ainda mais, pois as possibilidades de crédito cresceram. Apesar de ser uma boa oportunidade para os consumidores, se mal utilizado, o crédito pode ser um grande vilão para a saúde financeira das famílias.

Isso ocorre porque, para quitar dívidas, o consumidor acaba solicitando crédito consignado a juros altos e se complicam ainda mais com o saldo devedor. O cartão de crédito também atrapalha a população que realiza compras sem pensar em como pagar as parcelas.

Sem o planejamento ideal, as pessoas ficam cada vez mais enroladas e endividadas, sem saber como pagar o que deve, já que mais gastos nem sempre vêm acompanhados de mais dinheiro na conta. No âmbito empresarial isso reduz a produtividade e aumenta o estresse financeiro.

Você deve estar se perguntando: o que as empresas empregadoras têm a ver com a vida pessoal de seus colaboradores? A resposta é quase tudo.

Neste artigo, vamos falar mais sobre qual a importância destes projetos e como aplicá-los na sua empresa. Você vai saber:

  • O que é educação financeira nas empresas?;
  • Qual a importância da empresa para mudar essa realidade?;
  • Quais os benefícios para empresa e para os colaboradores?;
  • Como criar um programa de educação financeira nas empresas?

Então, vamos lá!

O que é educação financeira nas empresas?

Ao longo do tempo, as empresas começaram a perceber que funcionários infelizes produzem menos dos que estão satisfeitos, e que essa condição vai além do ambiente de trabalho oferecido. A situação pessoal do colaborador interfere igualmente.

Se o profissional estiver passando por problemas em casa como divórcio, questão de saúde ou endividamento, pode ter sua rotina de trabalho comprometida. O humor do colaborador fica alterado e seu desempenho é diretamente impactado por esses acontecimentos.

Com o aumento do número de endividados, o empregador começou a perceber que esse problema poderia refletir no resultado dos negócios. É nesse cenário que surge a educação financeira nas empresas.

O setor de recursos humanos das companhias foi o responsável por identificar a necessidade de oferecer mais que benefícios direcionados ao trabalho. Aos poucos, o olhar para o colaborador como um ser humano completo (pessoa e profissional) virou prioridade dos gestores.

Desta forma, as ações para os funcionários passaram a incluir diversos tipos de treinamentos e cursos, entre eles, os voltados para a organização das finanças. Os programas de educação financeira nas empresas estão se tornando cada vez mais presentes e essenciais.

De acordo com a pesquisa The Employer’s Guide to Financial Wellness, realizada nos Estados Unidos, a queda da produtividade para quem enfrenta problemas financeiros chega a 15%.

Qual a importância da empresa para mudar essa realidade?

Esse constante aumento do endividamento do brasileiro tem se tornado motivo de alerta nos departamentos de recursos humanos das empresas, principalmente pelo impacto na produtividade e disposição dos colaboradores. 

Pensando nisso, uma estratégia deste setor é desenvolver programas de educação financeira nas empresas, para conscientizar os funcionários sobre a gestão correta das finanças. Eles consistem, basicamente, em uma programação voltada para a gestão do dinheiro que ganha mensalmente.

Vale lembrar que nem sempre endividamento é sinônimo de salário baixo, mas sim da má gestão do dinheiro recebido. É possível que executivos com salários altíssimos também tenham problemas financeiros.

É por isso que a educação financeira nas empresas tem papel distinto e deve envolver todos os colaboradores da companhia. Mais do que fazer com que os colaboradores quitem suas dívidas, os projetos têm como objetivo ensinar sobre o uso consciente do dinheiro.

As palestras, cursos e demais ações precisam pensar além e focar no planejamento do futuro, por meio do pagamento de dívidas, mudanças de hábitos e investimentos.

Para entender melhor quais são os vilões da falta de dinheiro, este artigo em nosso blog fala sobre alguns destes hábitos que podem prejudicar as finanças pessoais.

Quais os benefícios da educação financeira para as empresas e colaboradores?

Como já falamos anteriormente, problemas financeiros e outras dificuldades na vida pessoal podem impactar o desempenho do colaborador no trabalho. Além da desatenção e diminuição da produtividade, o endividamento pode causar distúrbios físicos e psicológicos.

Esses problemas podem resultar no aumento do absenteísmo e até no descontentamento com as condições (como o salário) oferecidas pela companhia. Desta maneira, os benefícios de optar por educação financeiras nas empresas vão além de ajudar o colaborador no viés pessoal.

Um dos benefícios para o colaborador é a gestão do seu tempo e dinheiro, pois pagar cursos e utilizar seu tempo livre para este tema nem sempre é atrativo. Porém, poder utilizar sua jornada de trabalho para aprender sobre o assunto pode ajudá-lo a ter liberdade financeira.

Esse investimento em educação financeira nas empresas, então, ainda recai como fortalecimento de marca, já que os colaboradores enxergam uma preocupação da companhia no seu bem-estar pessoal.

Outro ponto positivo ainda, é que, muitas vezes, o funcionário acaba forçando uma demissão para utilizar o dinheiro envolvido na rescisão para pagar dívidas. Desta maneira, é possível ainda que a empresa apresente menores índices de turnover

Como criar um programa de educação financeira nas empresas?

Engana-se o empregador ou profissional de recursos humanos que acredita que educação financeira nas empresas é oferecer uma ou outra dica para os colaboradores. O início da conscientização sobre o tema deve ser gradual e seguir uma estratégia efetiva.

Para evitar fazer um esforço que não apresente nenhum resultado para os colaboradores e para a companhia, veja algumas dicas sobre como começar a educação financeira nas empresas de forma efetiva.

a. Planeje antes de iniciar o programa

Antes de tudo, é necessário identificar qual a gravidade do problema dos seus funcionários e entender se essas ações terão algum impacto positivo. Com essas informações, reúna a equipe de recursos humanos para definir como deve ser a abordagem e criação do programa.

É importante deixar claro para os colaboradores que as ações focam no seu bem-estar e não apenas nos resultados financeiros da empresa. Além disso, a abordagem deve ser leve e deixar os colaboradores à vontade para a participação nas atividades.

b. Comece com ações pontuais

Outra dica importante é começar com iniciativas mais simples e pontuais, como palestras sobre o conceito geral de educação financeira e campanhas, mas pense grande.

Aos poucos, perceba a adesão dos colaboradores e dê espaço para que opinem sobre a ideia ouvindo sempre o que eles necessitam por meio de pesquisas internas, por exemplo.

c. Identifique o perfil dos colaboradores

É possível que o grupo de seus colaboradores seja diverso, com uns endividados, os equilibrados, que somente conseguem pagar as contas e os investidores, que já fazem pequenos investimentos.

Por isso, é importante entender como seus funcionários se comportam neste sentido. Identificar o perfil de cada profissional permite que o programa educação financeira nas empresas seja mais assertivo e atinja seu objetivo.

d. Invista em cursos e atividades mais densas

Depois do processo inicial de começar a incluir o tema nas discussões internas, é interessante que a empresa planeje ações maiores. É possível inclusive envolver até os familiares dos colaboradores, já que o orçamento doméstico é realizado por todos.

Após as palestras sobre finanças pessoais, é interessante contratar consultorias especializadas, para acompanhamento personalizado de cada colaborador que se interessado. Uma vez que, como dissemos anteriormente, cada profissional possui uma realidade diferente.

Acrescente dinâmicas de atividades sobre educação financeira na infância, quem sabe envolvendo os filhos dos seus colaboradores nessa rotina.

e. Empréstimo aos colaboradores

Algumas companhias dentro de um plano de educação financeira nas empresas cogitam realizar empréstimos aos colaboradores descontando uma quantia mensalmente no salário. Porém, esse ato deve ser bem pensado e ter critérios para liberação.

Essa oportunidade exige ainda mais atenção do funcionário, que precisa ter em mente que sua renda mensal será comprometida até que ele quite a dívida com a empresa.

O mundo de educação financeira nas empresas é rico em possibilidades e as companhias que investirem nesses programas certamente colherão o fruto de funcionários mais felizes e produtivos.

Além disso, estará fazendo seu papel de conscientizar a população, de maneira geral, sobre o consumo consciente.

Vale lembrar que nem sempre o colaborador irá receber com bons olhos as ações de educação financeira nas empresas, mas a tendência é aos poucos perceberem a importância da iniciativa.

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Fonte:Xerpa

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