Gestão do humor no trabalho – Um desafio para os atuais líderes

Foto de Andrea Piacquadio no Pexels

Humor é igual a colesterol: tem o bom e o mau! Qual você alimenta em sua organização? Não estou defendendo a Ditadura da Felicidade, mas não se pode negar que uma empresa onde o riso é incentivado é bem diferente daquela onde é banido.

Sabemos que pouco vale o sorriso sem resultados! Temos de ser competentes e, neste mundo competitivo, qualquer habilidade adicional é importante, como o bom senso de humor considerado “uma competência eterna e fundamental” pelo headhunter e professor Luiz Carlos Cabrera, da EAESP-FGV.¹

E nós do mundo dos negócios temos uma grande vantagem: ninguém espera que sejamos engraçados! De fato, o nosso objetivo como gestores não é fazer papel de comediante ou piadista, mas apenas estimular que o bom humor prevaleça em nosso ambiente e relacionamentos.

Dificilmente, um profissional consegue ser criativo e produtivo em um ambiente mal humorado. O clima fica tão nocivo, que ele pode apresentar doenças físicas ou emocionais, como depressão, ansiedade, estresse, gastrite nervosa, etc. Há quem chegue a pedir demissão! Portanto, o humor, ou a falta dele, pode ser decisivo para a sua carreira.

Nas centenas de palestras e treinamentos que tenho ministrado desde 2000, pude perceber a importância que as empresas vêm dando à esta soft skill, pois melhora o clima interno, ameniza conflitos, agrega pessoas, reduz despesas médicas e absenteísmo, ajuda a reter, integrar e motivar os colaboradores e melhora a imagem delas perante os players.

Podemos inserir atividades divertidas nos eventos de premiação, congressos e convenções, almoços, integração de novos colaboradores, lançamentos de produtos, ações promocionais e de endomarketing ou no início e fim de treinamentos e brainstorming. No entanto, devemos ter cuidado com as brincadeiras, pois podem ser bem intencionadas, mas, se mal aplicadas, tornam-se perniciosas, podendo expor a empresa às ações judiciais de assédio moral, que vêm crescendo ano a ano na Justiça Trabalhista.

Muitos me questionam: se o bom humor é tão importante, por que é usado com pouca frequência pela liderança? Por que happy hour é após o expediente? Por que a diversão é uma recompensa à qual teremos direito apenas depois de trabalharmos duro? Devemos perceber a falha nesses preconceitos e combatê-los!

Como foram os líderes do passado que criaram esse preconceito contra a diversão no trabalho, agora serão necessários novos líderes, como vocês, leitores, para quebrar esse tabu e substituí-lo por uma nova atitude positiva. O bom humor e a alegria são traços tão essenciais no perfil do líder, que deveriam ser matéria obrigatória nos cursos de formação.

E como deu certo o movimento de humanização do ambiente hospitalar, lutarei para que consigamos humanizar nosso ambiente corporativo, tornando-o um lugar melhor para convivermos. Esta é a minha missão de vida!

“Há homens que riem um dia e são bons; há homens que riem muitos dias e são melhores; há os que riem anos e são excelentes; mas há os que riem toda a vida, e estes são imprescindíveis (parafraseando Bertold Brecht ao substituir a palavra “luta” por “riso”).

¹ Prof. Luiz Carlos Cabrera da EAESP-FGV no artigo: HUMOR, Competência Eterna, publicado na Rev. Você S/A em março/2013

Por Marcelo Pinto, integrante do Grupo de Estudos de Felicidade no Trabalho

São Paulo, 27 de Dezembro de 2021

ABRH-SP

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