Ibovespa fecha semana com queda de 4,6% e volta para 75 mil pontos após demissão de Moro; dólar vai a R$ 5,66

SÃO PAULO – Em uma semana mais curta e que o Ibovespa chegou a fechar pela primeira vez acima de 80 mil pontos desde 13 de março, o que acabou marcando a queda de 4,63% do índice nestes quatro pregões foi o aumento da tensão política com a saída do ministro da Justiça, Sergio Moro.

Ele decidiu pedir demissão após o presidente Jair Bolsonaro tirar o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, do cargo. Em coletiva, Moro disse que foi pego de surpresa pela exoneração de Valeixo e que não assinou o documento da saída.

O agora ex-ministro afirmou ainda que não se opunha à troca, mas que era preciso haver uma razão clara para isso. “Eu não tenho nenhum problema em troca do diretor, mas eu preciso de uma causa, [como, por exemplo], um erro grave”, disse Moro, ressaltando que não poderia seguir no cargo diante de uma interferência política na autonomia da PF.

Moro ressaltou que Bolsonaro queria “colher” informações dentro da PF, como relatórios de inteligência. “O presidente me disse que queria colocar uma pessoa dele, que ele pudesse colher informações, relatórios de inteligência. Realmente, não é papel da PF prestar esse tipo de informação”, disse. “Falei para o presidente que seria uma interferência política. Ele disse que seria mesmo”, afirmou ainda o ministro.

Além disso, a segunda demissão de ministros de peso em duas semanas colocou Paulo Guedes, ministro da Economia, em foco. Justamente antes da crise com Moro ganhar destaque no noticiário, a força do “posto Ipiranga” Guedes vinha sendo questionada pelo fato de Bolsonaro não ter dado o comando do plano pós-crise à pasta da Economia, o chamado “Plano Pró-Brasil”, anunciado na quarta-feira após o fechamento do mercado.

A notícia fez com que o benchmark da bolsa brasileira chegasse a cair 9,5% nesta sexta-feira (24), se aproximando de um circuit breaker, enquanto o dólar, na máxima do dia, saltou mais de 3% e chegou a R$ 5,74.

No fim, apesar do clima de tensão permanecer, o Ibovespa fechou a sexta longe da mínima, com queda de 5,45%, aos 75.330 pontos, com volume financeiro de R$ 37,548 bilhões.

O dólar comercial, por sua vez, saltou 2,54%, cotado a R$ 5,6653 na compra e R$ 5,6681 na venda, renovando pelo terceiro dia sua máxima histórica, apesar de se distanciar da máxima após o Banco Central realizar quatro leilões à vista de dólares.

Com isso, a divisa fechou a semana com ganhos acumulados de 8,25%. Já o dólar futuro com vencimento em maio subiu 1,72% na sexta, a R$ 5,632.

O pânico também afetou o mercado de juros futuros, que reflete o aumento do risco. O DI para janeiro de 2022 saltou 62 pontos-base, a 4,17%, enquanto o DI para janeiro de 2023 teve alta de 96 pontos, para 5,69%. O contrato para janeiro de 2025 avançou 109 pontos-base a 7,48%.

A semana na Bolsa

A segunda-feira foi marcada pela derrocada do petróleo no exterior, com a história queda dos contratos futuros do barril do tipo WTI para valores negativos, com o mercado sofrendo pela forte queda da demanda por conta do coronavírus.

Apesar disso, naquele dia, o Ibovespa conseguiu ficar praticamente estável, em um pregão de baixo volume por ser emenda de feriado nacional.

Na quarta-feira, voltando do feriado, o mercado tinha tudo para cair, seguindo as fortes perdas dos ADRs enquanto a bolsa estava fechada. Porém, apesar de chegar a abrir em queda, o Ibovespa fechou com forte alta de 2,2% puxado pela recuperação do petróleo, que naquele dia disparou 20%.

Isso levou o índice a recuperar o patamar dos 80 mil pontos, barreira que estava mostrando dificuldades de superar desde a semana passada, pela primeira vez desde 13 de março. Mas o bom humor durou pouco.

Na quinta, o dia começou positivo, mas reverteu completamente, primeiro com uma notícia externa, de que o antiviral Remdesivir, da Gilead Science, falhou em testes no combate ao coronavírus. A informação apagou os ganhos nos EUA na hora, mas que foi aliviada em seguida após a empresa explicar que seus resultados eram inconclusivos.

Mas enquanto a bolsa brasileira tentava voltar a subir na tarde de quinta, os investidores foram pegos de surpresa com a notícia de que Moro havia ameaçado deixar o cargo após Bolsonaro informar que iria exonerar Valeixo da PF – fato que foi confirmado nesta sexta.

Tudo isso levou a uma queda de 1,2% do Ibovespa, ainda com o benefício da dúvida com as informações de que este entrave entre Moro e Bolsonaro ainda estava tentando ser resolvido pelo presidente.

Noticiário corporativo desta sexta

As ações da Embraer (EMBR3) caiu forte após o Financial Times afirmar que a Boeing avalia desistir de união com a companhia brasileira.

De acordo com o jornal britânico, a fabricante de aeronaves dos Estados Unidos pondera se abandonará o pacto em meio a gastos também de bilhões de dólares com a crise da aviação global e com problemas em seu modelo 737 Max. Os dois lados discutiram as condições associadas à união de bilhões de dólares poucas horas antes do prazo que dá a cada uma das companhias o direito de desistir do acordo.

Já a Lojas Renner anunciou nesta quinta, em comunicado ao mercado, que a partir de amanhã iniciará a reabertura gradual de algumas de suas lojas. A medida abrange “unidades pontuais” da Renner, Camicado, Youcom e Ashua, segundo o documento.

A Invepar declarou ontem que cumpriu todas as condições para vender a sua subsidiária Concessionária Raposo Tavares (CART) para o Fundo Pátria. Segundo a Invepar, a transação acontecerá no dia 30 de abril.

Anunciada no final do ano passado, a aquisição do Pátria também inclui outras duas rodovias controladas pela CART, a SP-225 e a SP-327, que ligam a Raposo Tavares a cidades do centro do Estado de São Paulo, como Bauru.

Já a Copel – Companhia Paranaense de Energia, informou que fez um repasse de R$ 3,3 milhões para sua subsidiária FDA Geração. Segundo a estatal paranaense, a FDA usará os recursos para pagar os Encargos do Uso do Sistema de Transmissão (EUST).

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Fonte: IR sem erro

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