Iniciativas governamentais buscam ampliar setor de startups

Iniciativas governamentais buscam descentralizar o ramo de staturps brasileiro, que atualmente está concentrado no estado de São Paulo.

Das cerca de 13 mil empresas em atividade no país, pelo menos um terço está localizada no estado, que também soma o maior volume de investimentos no setor (US$ 1,161 bilhões em 2020), de acordo com dados da Associação Brasileira de Startups (ABSstartups).

O Rio de Janeiro, que figura na 2ª posição do ranking, somou apenas US$ 77.5 bilhões em aportes no mesmo período.

O primeiro estado nordestino que marca presença no ranking é a Bahia, com dois investimentos, totalizando US$ 11,7% milhões. Ceará e Pernambuco estão em quinto e décimo lugares, com aportes de US$ 2,5 milhões e US$ 900 mil.

Em busca de modificar o panorama, o Ministério da Economia mantém, dentro da Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec/ME), dois programas que fazer parte do projeto Brasil 4.0: o InovAtiva Brasil e StartOut Brasil.

Lançado em 2013, o InovAtiva se tornou em 2019, segundo o subsecretário Igor Nazareth, “o maior programa de aceleração de startups da américa latina”. Com um orçamento inicial previsto de R$ 3,780 milhões, o programa recebeu aporte extra no ano passado, elevando o orçamento para R$ 4,880 milhões no triênio.

Em 2020, o programado passou a ser chamado de InoVativa Hub. “Nosso objetivo é deixar de ser só um programa de aceleração e passar a ser um grande hub de startups, com ações também de internacionalização, conexão com grandes empresas”, comenta Narareth.

Um processo de Chamamento Público que está em andamento prevê selecionar a instituição que executará o novo modelo para os próximos quatro anos. O termo de colaboração para a execução terá valor total de R$ 20 milhões, de acordo com o Ministério da Economia.

Desenvolvido em conjunto com Apex, Sebrae, Anprotec e Ministério de Relações Exteriores, o StartOut Brasil, busca a internacionalização das startups já consolidadas, com faturamento acima de R$ 500 mil, ou que já tenham recebido algum tipo de investimento.

O programa prepara os empreendedores para a entrada no mercado internacional. “Em um dos últimos ciclos, tivemos 60% de sucesso com resultados altamente positivos, com as startups instalando-se naquele país, recebendo investimentos ou fechando acordo com parceiros”, explica Nazareth.

A Aya Tech figura entre as startups que já participaram dos dois programas, a empresa de nanotecnologia foi criada por Fernanda Checchinato e desenvolve biorrepelentes, sprays bactericidas e fungicidas e antissépticos sem álcool.

Fernanda desenvolveu suas linhas com capital próprio e uma ajuda da família e em 2017 conheceu o StarOut Brasil. Foi selecionada e participou do ciclo Paris do programa, onde descobriu o InovAtiva.

A Telavita, plataforma que oferece atendimento em telepsicologia e telepsiquiatria, é outro exemplo de startup que se beneficiou do programa. “Além de ser gratuito, o InovAtiva nos permitiu um direcionamento e uma mentoria que agregam muito valor para nos ajudar a avançar e resolver problemas que tínhamos na época e que nos ajudaram a preparar a Telavita para esse crescimento da demanda”, comenta Andy Bookas, um dos cofundadores da empresa.

Nazareth explica que o objetivo dos programas não é concorrer com as aceleradoras da iniciativa privada e nem com os investidores. A secretaria também está trabalhando no esqueleto de um marco legal para o segmento no país, que deve ser enviado em breve ao Congresso Nacional.

O projeto que começou a ser elaborado ainda em 2019 pelo Ministério da Economia e o de Ciência, Tecnologia e Inovação, envolveu tanto representantes do setor privado como de instituições públicas, a partir de uma audiência pública feita no ano passado.

Nazareth revela que as mudanças propostas são: redução de burocracia para startups, o aumento da oferta de investimento e da segurança jurídica e a definição das regras para compras públicas.

Tiago Ávila, head do Distrito Dataminer, entidade que realiza pesquisa sobre o setor, pontua que a iniciativa exige cautela. “A regulamentação no Brasil tem que ser vista com muito cuidado, porque o segmento de startups já é muito prejudicado por uma barreira tributária muito grande, muita burocracia, e é isso que tem que ser simplificado”, comenta Ávila.

Fonte: Folha de São Paulo

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