O cuidado com a saúde mental e o bem-estar como estratégia de negócio

Foto de Karolina Grabowska no Pexels

Por Rafaella Matioli

A combinação de uma pandemia global e uma economia em rápida mudança acelerou uma tendência que vinha crescendo a cada ano em todo o mundo., a do cuidado com as pessoas e o olhar para o bem-estar integral de indivíduos, comunidades e organizações. Mais do que isso, demonstrou que é essencial também para o sucesso dos negócios: 82% das companhias entrevistadas pela Aon no 2021 Global Wellbeing Survey acreditam que o bem-estar é importante dentro de suas empresas.

O estudo, que analisou mais de 1.600 empresas de 41 países diferentes, apontou que melhorar o bem-estar individual e organizacional reflete nos resultados, impactando positivamente na satisfação e retenção do colaborador – o que é a chave para a resiliência, continuidade e crescimento dos negócios em todas as empresas. Por isso, reconhecer o papel que o bem-estar desempenha no relacionamento e na retenção de colaboradores deve se tornar um importante elemento nas discussões estratégicas.

É crucial que as empresas desenvolvam a cultura corporativa para priorizar o bem-estar – incluindo o aspecto emocional. Desde o início da pandemia, vimos um aumento de 57% na ansiedade e de 21% na utilização de medicamentos relacionados ao bem-estar emocional. O Fórum Econômico Mundial estima que, até 2030, o custo dos transtornos mentais para a economia global chegará a US$ 16 trilhões – mais do que diabetes, doenças respiratórias e câncer combinados.

São questões que merecem atenção. Os empregadores reconhecem que a saúde mental e o esgotamento físico representam um risco para suas organizações do ponto de vista operacional, de saúde e de desenvolvimento profissional. A saúde mental (46%) e o esgotamento (33%) estão entre os cinco principais problemas de bem-estar dos funcionários que as organizações enfrentam, segundo o estudo da Aon.

Um olhar mais amplo indica que atrair e reter talentos (42%), evoluir para atender às necessidades do mercado em constante mudança (43%) e a desaceleração econômica causada pela pandemia do coronavírus (37%) são fatores que afetam negativamente os negócios em todas as regiões do mundo. O bem-estar emocional dos colaboradores está diretamente ligado a cada um deles.

Para mudar este cenário, é necessário que as empresas desenvolvam o apoio da liderança e construam uma mudança cultural que abrace a segurança psicológica e valorize o bem-estar emocional da mesma forma que fariam com a segurança física. Importante também ultrapassar as barreiras existentes ainda hoje para lidar com essas preocupações – como a incapacidade de medir os resultados.

Olhando para a frente, a América Latina deverá ser a região que enfrentará a maior transformação no futuro do trabalho, com boas expectativas na oferta de suporte emocional das empresas aos seus funcionários. E o Brasil é o destaque da região, já que, globalmente, é um dos países cujas companhias (64%) se destacam por ter estratégia de bem-estar, ou seja, plano de ação de longo prazo usando recursos para alcançar soluções ou metas.

Um bom indicativo desse horizonte foi constatado pela 13ª Pesquisa de Benefícios da Aon,  que contou com a participação de mais de 800 empresas no Brasil. Nos últimos dois anos, cresceu de 28% para 59,7% o índice de empresas no país que passaram a oferecer programas de gestão de saúde, bem-estar e qualidade de vida para seus colaboradores. No período, as iniciativas voltadas à saúde mental foram aplicadas por 43,5% das companhias.

As medidas mais adotadas contemplam o desenvolvimento de programas de saúde mental (39,4%), além de palestras com psicólogos, rodas de conversa e programas de mindfulness, planos de gerenciamento de estresse (36,3%), serviços terapêuticos (30,5%), como acompanhamento de psicólogo ou psiquiatra, e implementação de ações de prevenção, diagnóstico e tratamento de depressão (27,5%).

Esta não foi a primeira vez que o tema foi detectado como preocupação das empresas, já que pesquisas anteriores já mostravam aumento na adoção de programas para prevenir problemas como ansiedade, depressão e burnout. Essa transformação, que já começou e mostra bons resultados, deve seguir avançando.

*Rafaella Matioli é Diretora de Health & Human Capital Solutions da Aon Brasil

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