Pandemia: como fica a situação da venda direta?

As “vendas-diretas” ou “porta-a-porta”, até pouco tenho atrás, pressupunha o contato direto entre consultoras/revendedoras e seus clientes. Um tipo de comércio muito popular no país, em especial no ramo de cosméticos, onde atuam marcas como Natura, Avon, O Boticário e Mary Kay, a venda direta, porém, também sofreu com os efeitos da pandemia e as orientações de isolamento social, mas tem procurado outros caminhos para seguir com as atividades.

De acordo com um levantamento feito pela Associação Brasileira de Empresas de Venda Direta (ABEVD), o Brasil ocupa a 6ª colocação global no setor, tendo movimentado em 2019 R$ 45 milhões, o que significou um aumento de 1% se comparado com 2018. Para 2020, a entidade não fez nenhuma previsão, mas Adriana Colloca, presidente executiva da ABEVD, analisa que a atividade é uma oportunidade de trabalho e renda para quatros milhões de pessoas no Brasil inteiro.

“Assim como toda a economia, a venda direta sofreu impactos nos negócios em abril e maio. Porém, o setor foi muito rápido em se ajustar e usar as mídias sociais, sites e aplicativos para continuar o ritmo de vendas”, afirma Adriana.

Breno Barlach, diretor de pesquisa e inovação da consultoria, comenta que a dificuldade de inserção no mercado de trabalho faz das vendas diretas umas das fontes de renda mais importantes para mulheres das classes CDE.

Antes mesmo da pandemia, a digitalização já era considerada uma forte tendência no setor. Afinal, a tecnologia chega mais rápido às classes socioeconômicas mais altas, mas também vai se propagando com o tempo para as demais e influenciando os costumes da população em geral. “Já vínhamos incentivando o uso de ferramentas digitais para a divulgação e venda de produtos. A venda direta tem que acompanhar as tendências das relações em geral. Se as relações estão cada vez mais digitais, a venda direta segue esse caminho”, pontua Adriana.

Estudo da associação realizado nos primeiros meses de 2020, apontou o WhatsApp, sites e mídias sociais como principais meios de vendas e divulgação de produtos dessa força de vendas. No levantamento, conta Adriana, 84,7% elegeram o WhatsApp como principal canal de vendas e divulgação de produtos.

Incentivo às vendas

A empresa americana Mary Kay, que está há mais de 20 anos no mercado brasileiro, ressalta que o cenário “totalmente novo” para todos os segmentos e diz estar “trabalhando dia e noite” em busca de ferramentas para seguir auxiliando o negócio de milhares de mulheres que constituem sua força de vendas independente, a fim de reduzir os impactos gerados pela crise do novo coronavírus.

Rosana Bonazzi, vice-presidente de vendas da companhia no Brasil, conta que entre as iniciativas estão a prorrogação de promoções, revisão de requisitos para programas e campanhas, intensificação de conteúdo online, isenção do valor da assinatura do Meu Site Mary Kay Plus, onde elas podem receber encomendas online, além da entrega de materiais para apoiar a dinâmica da consultoria de beleza de forma virtual.

Embora afirme que o atual contexto certamente irá acelerar o processo de digitalização da venda direta, a executiva diz ser cedo ainda para dimensionar esse crescimento, mas demonstra otimismo: “Oferecemos um negócio com plano de carreira independente que dá oportunidade para toda mulher, e com resultados ilimitados que só dependem dela. A Mary Kay é uma grande oportunidade para este momento, tanto para as pessoas começarem um novo negócio, com um investimento baixo, ou até mesmo para complementarem sua renda”.

O pesquisador da Plano CDE já recomenda cautela ao segmento. Para ele, após a pandemia, provavelmente a atividade retomará o papel de complemento de renda. O problema é que não se sabe a duração da pandemia e a renda de muitas revendedoras pode cair drasticamente, tendo impactos no endividamento das famílias e com as marcas.

Segundo a ABEVD, em 2019, foram comercializados mais de dois bilhões de itens (em produtos e serviços) por venda direta no Brasil. As categorias com mais adesão são as de cosméticos e cuidados pessoais (54,7%); vestuário (8%); acessórios (7,9%); cuidados da casa (6,5%); alimentos ou suplementos saudáveis (4,3%); telefonia, internet, TV por assinatura (3,7%); livros, brinquedos, CD, DVD, software, games (3,4%); serviços de reforma da casa (3,3%); utensílios domésticos (3,1%); produtos financeiros (2,8%) e vinhos e comida congelada (2,3%).

Fonte: Meio & Mensagem

Redação Grupo Studio

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