Por que a crise é uma oportunidade para o RH

Recursos Humanos talvez seja a classe profissional mais demandada da atualidade. Não só por causa da crise desencadeada pela epidemia do novo coronavírus, mas pelo momento que estamos vivendo, de evolução da sociedade industrial para a sociedade do conhecimento. Essa é a avaliação de Ricardo Guimarães, sócio e diretor-presidente da consultoria Thymus, que foi o convidado do webinar Não Desperdice a Crise, organizado pela ABRH-SP na última quinta.

Desde que a pandemia teve início, Ricardo tem produzido uma série de vídeos intitulada justamente de Não Desperdice a Crise. “Neles, falo o quanto o custo com essa crise não pode ser desperdiçado. Temos de aprender o máximo que for possível para não desperdiçar o custo de vidas, de sofrimento e de restrição”, diz.

No olhar do consultor, a crise joga luz sobre os desafios e as fragilidades que já tínhamos. “O RH reúne as pessoas com maior sensibilidade e mais idealistas das empresas. No entanto, quando elas entram na organização estruturada como máquina, em que os funcionários são apenas peças de engrenagem, passam a viver um conflito difícil de ser administrado: entre ser responsável pelo recurso, que tem uma objetividade e uma frieza muito grande, e o humano. Viver essa tensão entre o recurso e o humano talvez seja o maior desafio das pessoas responsáveis pelas pessoas.”

A pressão por trazer soluções para esse conflito, segundo Ricardo, fez com que muitas vezes fosse adotado idealmente um comportamento, por exemplo, chamando funcionários de colaboradores, que é um conceito muito mais profundo. Mesmo o nome da área passou a ser gestão de pessoas, gente… “Essa é a intenção, mas ainda não é a realidade. Estamos atrasados na gestão de pessoas e no contrato de colaboração. Esse vácuo entre o discurso e a prática fragiliza o discurso e não tem a eficiência da palavra. É colaborador, só que não. A crise acentua essa relação entre o que estamos fazendo de fato e aquilo que queremos. Nesse sentido, é uma oportunidade.”

Já o home office evidencia questões de ativos intangíveis de importância estratégica, como conhecimento e relacionamento. Os ativos intangíveis fazem como que as pessoas sejam valorizadas estrategicamente dentro da organização. Não é a pessoa em si, muito menos o controle do horário, das tarefas e do cumprimento do trabalho, mas o significado dela para o negócio, o conhecimento que traz, o fluxo saudável que proporciona para a organização. “No entanto, não temos ferramentas para a gestão de ativos intangíveis, porque a nossa cultura é muito voltada para o industrial”, alerta Ricardo.

Obediência

Outra questão levantada pelo consultor é a da obediência. A maioria dos profissionais que trabalham nas empresas foi educada para seguir o manual, para atender às expectativas dos superiores e ser obediente. Por sua vez, a empresa também foi educada a obedecer ao mercado, a perguntar o que o cliente quer, o que o consumidor quer. Essa ausência de opinião pessoal faz com que não haja consciência crítica. As pessoas estão com as consciências anestesiadas. O desafio passa a ser trazer a luz para reeducar os adultos. Mas como fazer isso?

A única maneira é enfrentar isso em conjunto. “A gente foi contratado porque a sabe, mas nesse momento somos valorizados pelo que não sabemos. O desafio é saber não saber. Fazer as perguntas certas, duvidar das respostas e se interessar pela realidade. Vamos aprender a não saber juntos, isso já dá um contrato de segurança para as pessoas. A gente não sabe o que vai resultar, mas o estado de alerta, de pergunta, de curiosidade é muito importante”, diz Ricardo.

RH e Marketing

O consultor falou também da quantidade de empresas, principalmente aquelas voltadas para serviços, que estão unindo RH com Marketing. Antigamente, o Marketing cuidava do consumidor e o RH, do funcionário. A descoberta recente é a de que tanto o funcionário como o consumidor são gente. Nesse contexto, a competência mais importante é conhecer e gerenciar gente.

Assista ao webinar com Ricardo Guimarães no canal da ABRH-SP no YouTube.

Fonte: Assessoria de Comunicação ABRH-SP – 18 de Maio de 2020

Leia também:

  1. Reflexões sobre um mundo organizacional pós-pandemia
  2. O papel do líder no pós-pandemia

ABRH-SP

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