Embora não tenham uma característica tão marcante, as empresas familiares são bastante comuns no mercado brasileiro e, na maioria das vezes, têm tudo para dar certo – mas, claro, desde que gerenciadas corretamente, uma tarefa que nem sempre é fácil.
Logo de cara é comum imaginarmos que um empreendimento familiar é seguro e confortável, afinal, o que poderia dar errado entre familiares? No entanto, quando se trata do contexto empresarial, tudo é possível, e uma sociedade familiar pode significar desentendimentos e conflitos.
É claro que tudo depende de como a empresa vai ser gerenciada pelos membros da família, tomar determinados cuidados é muito importante para manter o crescimento da empresa, e essencial para que o convívio familiar não seja abalado.
Antes de qualquer coisa, é muito importante saber que administrar uma empresa familiar não é uma tarefa tão simples quanto parece. Cerca de um terço dessas empresas sobrevive em sua segunda geração, e apenas 14% restam na transição de segunda para a terceira geração. Porém, esse desafio acaba sendo enfrentado por cerca de 95% das companhias brasileiras.
É um erro muito comum acreditar que a empresa familiar é insuficiente, enquanto, na realidade, as empresas familiares contam com uma ótima transmissão de valores entre as gerações que a compõem. Ou seja, dessa forma, é mantida a personalidade da empresa, que, na maioria das vezes, é o seu diferencial de competitividade.
Para gerenciar uma empresa familiar, o ideal é criar um bom planejamento, estabelecer regras claras e os objetivos que a empresa pretende alcançar e como podem ser realizados. Além disso, o ideal é encarar o negócio como se fosse uma grande empresa.
Na maioria das vezes, essas empresas surgem como um estilo informal, com a ausência de regras, políticas internas, padrões de gerenciamento, além de ser firmada oralmente, em um almoço, por parcerias entre pai, filhos, tios, sobrinhos.
É claro que escolher os familiares mais próximos e que se tem mais afinidade é uma opção mais vantajosa. Porém, é na hora de organizar uma hierarquia de gestão que a maior dificuldade aparece, afinal, a facilidade de escolher os familiares não é a mesma na hora de conduzir o empreendimento.
É fundamental tornar o empreendimento o mais profissional possível, assim, fica mais fácil conquistar resultados mais satisfatórios. A empresa deve ser tratada como exercício de discernimento entre os relacionamentos familiares, pessoais e profissionais, de forma a evitar possíveis conflitos com os parentes que trabalham na empresa.
Geralmente, uma empresa familiar é administrada pelos próprios fundadores, que, na maioria das vezes, ficam encarregados de gerenciar todas as áreas da organização, entre marketing, recursos humanos, controle financeiro e fluxo de caixa. Nos casos em que as empresas possuam recursos escassos, é uma ótima opção, uma vez que contratar pessoas para administrar certas funções podem gerar mais gasto.
Porém, quando a empresa começa a se estabelecer dentro do mercado, é indispensável a ajuda de profissionais. Nesse caso, é hora de integrar novos funcionários ao ambiente que até então era apenas familiar, por isso é importante mapear os processos da empresa e definir as responsabilidades de cada membro dentro da empresa.
Uma das ações que geralmente recebem pouca atenção nas empresas familiares é alinhar a equipe já presente, ou seja, caso ela seja gerida por dois irmãos, é necessário analisar quais pontos estão gerando divergências e reparar. Parece besteira, mas 60% desse tipo de empresa acabam falindo por causa de desentendimentos familiares.
Para facilitar, montamos uma lista com algumas dicas importantes sobre a melhor maneira de gerenciar uma familiar.
É necessário ter liderança
Saber liderar é essencial para o negócio dar certo, porém, é fundamental que alguém lidere a empresa, mesmo que se trate de uma organização familiar.
Existem alguns casos em que todos os membros constituem um capital unânime, o que pode causar a impressão de que todos são os líderes do negócio. Porém, se a ideia é manter a empresa em constante crescimento, o ideal determinar apenas uma pessoa para cuidar essa tarefa.
Isso significa que é hora de avaliar as qualidades pessoais e técnicas de cada um e escolher quem deverá cuidar da liderança, mas antes de mais nada, essa pessoa deve se dedicar totalmente a isso.
Definir regras de trabalho
É muito comum achar que em uma empresa de âmbito familiar pode trabalhar como quiser e quando quiser, não justificar as ausências ou, até mesmo, tirar férias fora dos prazos.
Isso é um grande erro, afinal, para que uma empresa cresça é necessário existir regras que determinem a organização do trabalho. Antes de qualquer atividade, o ideal é deixar claro que trabalho é trabalho e as pessoas devem entrar em acordo com as regras impostas. Afinal, só assim todos poderão partilhar dos lucros no final do mês.
Planejar é importante
A base do sucesso é planejar, isso serve para qualquer tipo de negócio. Com um bom planejamento é possível traçar e definir as metas que devem ser conquistadas. Além disso, a missão e visão de valores da organização também deve ser traçada e tratada como prioridade, visto que ela norteará o dia a dia do empreendimento.
Marcar reuniões periódicas também é uma dica importante. Nesses encontros, alguns planejamentos novos e estratégias podem ser discutidas.
Definir o salário de cada membro é essencial
Assim como qualquer outra empresa, a empresa familiar não deve ter todo o seu faturamento tratado como fonte de renda, por isso, é necessário criar pró-labores previstos em planilhas.
O ideal é cada pessoa ter o seu próprio salário mensal, independentemente dos lucros e prejuízos. Porém, a determinação desses salários pode ser tarefa complexa. Nesse caso, a melhor maneira de resolver é estabelecer um teto de retirada para todos os donos e dividi-lo.
Controle financeiro é importante
Depois de acertar os salários, é o momento de fazer o planejamento financeiro. Como qualquer outro negócio, é sempre bom ficar atento a novas oportunidades de reduzir custos, sendo eles operacionais ou de capital humano.
Contar com ajuda profissional
Como dito anteriormente, quando a empresa ainda está em início de carreira os recursos acabam sendo escassos. Por conta disso, a administração acaba ficando por conta dos próprios sócios. Porém, o mais indicado é procurar ajuda profissional assim que a empresa começar a ganhar o mercado. Isso, porque é ideal que a empresa possua um planejamento sucessório para continuar se mantendo ativa no mercado após o falecimento de algum proprietário, por exemplo.
Possuir uma proteção patrimonial também é uma medida muito importante para bloquear os bens pessoais de forma que eles não sejam atingidos em casos de dívidas da empresa.
Além disso, contar com a ajuda de profissionais experientes no assunto ajuda em muitas outras questões que podem surgir na hora de administrar uma empresa familiar.