Sustentabilidade e liderança feminina no mundo atual

Ieda Novais, do Conselho da Rede de Mulheres Brasileiras Líderes pela Sustentabilidade, participou do CICLOS 2019

Mulheres que têm seu próprio negócio têm mais aceitação social do que mulheres que trabalham empregadas em empresas. É como se as empreendedoras fossem mais donas de seu próprio tempo do que as outras. Isto está no imaginário popular, apesar de não corresponder com à realidade. Muitas vezes empresárias trabalham muito mais do que as executivas, mas passam a ideia de que conciliam melhor a vida profissional com a familiar. Já as trabalhadoras de empresas, que exigem muita dedicação, têm menos aceitação, porque parece que se dedicam menos aos filhos e à família. A equidade de gênero ainda é um assunto que precisa avançar nas empresas e no mercado em geral.

Esta percepção está no imaginário popular, segundo Ieda Novais, membro do Conselho Consultivo da Rede de Mulheres Brasileiras Líderes para Sustentabilidade. Ela foi painelista no palco Pessoas do CICLOS 2019- Congresso Internacional de Sustentabilidade, nesta tarde (23), realizado pelo Sebrae com apoio da ONU Meio Ambiente e Águas Cuiabá, no Centro de Eventos do Pantanal na capital mato-grossense. O tema do painel foi Liderança Feminina.

Quatrocentas mulheres que atuam em grandes corporações, no setor público, nos poderes Judiciário e Legislativo e no terceiro setor integram a Rede de Mulheres Brasileiras Líderes para Sustentabilidade, que foi mobilizada em 2010, visando a participação feminina organizada na Rio + 20, em 2012.

A segunda painelista foi Renata Ruggiero, diretora-presidente do Instituto Iguá. Ela apresentou dados sobre a situação dramática do saneamento básico no Brasil e da relação deste cenário com as mulheres, quem mais percebe e sofre os efeitos da falta de água tratada e coleta de esgoto.

“Estamos nos primórdios em termos de trabalhar em rede com mulheres. A nossa rede atua em três pilares: empoderamento da mulher e governança; empreendedorismo verde; consumo consciente”, explicou Ieda. A Plataforma 20 foi o grande legado da Rio +20, segundo ela. Mentorias, exemplos femininos e incentivo para que se fale dos temas sustentabilidade e gênero fazem parte deste legado.

No mundo corporativo, as empresas possuem políticas para atrair mulheres e oferecem treinamentos, no início de carreira, mas dificilmente elas ascendem além das médias gerências. Quando chega o período da maternidade, grande parte delas desiste da carreira. As empresas saem perdendo, pois investem nas executivas. O programa da ONU ‘He for she’ estimula que empresas olhem este momento da mulher dando suporte, segundo Ieda.

“Somos multifuncionais e é possível conciliar trabalho e família. As novas gerações estarão mais preparadas para estes desafios. O acesso das mulheres aos conselhos das empresas ainda precisa ser estimulado, talvez com cotas”, sugere ela. Esta questão é importante para a sustentabilidade das organizações de grande, médio e pequeno portes.

Saneamento

Renata Ruggiero, diretora-presidente do instituto Iguá destacou que água tratada e rede de coleta de esgoto significam um salto de qualidade na vida das pessoas. “A sociedade não tem conhecimento, mas no Brasil temos cerca de 30 milhões de pessoas sem água tratada que têm que caminhar quilômetros até o rio para pegar água em baldes”, informou. 52% da população não têm coleta de esgoto, acrescentou.

O Instituto Iguá contribui para que o saneamento básico e o desenvolvimento sustentável aconteçam no país. São necessários R$ 508 bilhões para universalizar o saneamento até 2033 no país. Apesar de ser a nona economia no mundo, o Brasil ocupa o 109° lugar no ranking mundial em saneamento.

Renata falou a liderança Shakti, um conceito elaborado pelos indianos Nilima Bhat e Raj Sisodia, que aponta a necessidade de haver equilíbrio entre as qualidades femininas e masculinas como forma de lidar com o mundo atual. “É preciso ter consciência dessa dualidade e buscar o ponto de equilíbrio”, afirmou.

A questão do saneamento parece atingir mais as mulheres, porém é uma questão que impacta todas as pessoas, independente da questão de gênero. “Criar uma nova referência de liderança para lidar com os desafios da sustentabilidade e a liderança equilibrada entre feminino e masculino é o caminho nos negócios e no mundo, segundo ela

“Sustentabilidade e liderança feminina estão avançando no ritmo mais lento do que gostaríamos. O que faz acelerar é a mudança de gerações. As novas que estão chegando ao mercado de trabalho entram com outra chave. O empoderamento feminino é algo absolutamente forte nos jovens de hoje”, ressaltou Renata.

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Fonte: Agência Sebrae

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