Trabalho 4 dias por semana: como funciona essa estratégia?

Um experimento feito na subsidiária japonesa da Microsoft provou que uma nova política de trabalho de 32 horas semanais pode potencializar o rendimento dos colaboradores. Segundo a Reuters, o faturamento da empresa subiu significativamente por funcionário e a maioria deles aprovou a medida. 

A estratégia de trabalho “4 dias por semana” consiste em uma redução da jornada semanal de trabalho, sem interferência na remuneração contratual, para otimizar a produtividade de uma organização.

Para estruturar essa nova política de trabalho de maneira ainda mais atrativa para os colaboradores, as sexta-feiras é que são liberadas das cargas horárias.

Se você quiser conhecer algumas vantagens da jornada de trabalho flexível, recomendamos a leitura deste material aqui.

Para conhecer todos os detalhes dessa proposta em que o funcionário vai ao trabalho 4 dias por semana, continue acompanhando este post.

Boa leitura!

O conceito do trabalho “4 dias por semana”

Assim como dissemos, essa nova estratégia laboral em que o colaborador vai ao trabalho 4 dias por semana, é uma prática de gestão que visa a otimização da rentabilidade de uma empresa.

Seguindo uma lógica simples, feriados prolongados, que somam uma sexta ou uma segunda ao final de semana, têm um efeito bastante expressivo no humor, bem-estar e na produtividade da força de trabalho, não é mesmo? 

Justamente por isso, departamentos de inteligência em Recursos Humanos (RH) de organizações, como a Microsoft, já testaram essa nova política de trabalho, mensurando suas vantagens operacionais e financeiras. Mais adiante vamos explorar esse exemplo na gigante de tecnologia.

Essa estratégia, em que o funcionário vai ao trabalho 4 dias por semana, pode ser feita de duas maneiras. A estrutura operacional dependerá, exclusivamente, da política organizacional de cada instituição:

  • 32 horas semanais (8 horas durante cada um dos 4 dias) sem ajustes salariais;
  • 40 horas semanais (10 horas durante cada um dos 4 dias) sem ajustes salariais.

A não interferência na remuneração é uma das principais característica dessa estratégia. Isso porque sua aplicação deve ser vista como uma vantagem extraordinária e não como um mero ajuste estrutural.

Como o objetivo dessa metodologia, em que a equipe profissional só vai ao trabalho 4 dias por semana, é potencializar o rendimento e assim, otimizar a produtividade e o faturamento da organização, a satisfação e motivação dos colaboradores devem ser estimuladas sem interferir em benefícios já oferecidos.

A jornada de trabalho do Brasil

Segundo a Reforma Trabalhista, aprovada pela lei 13.647/2017, a CLT (Consolidações das Leis de Trabalho) autoriza jornadas de trabalho de no máximo 8 horas diárias e 44 horas semanais

No entanto, existe a possibilidade de compensação e de turnos de revezamento conforme acordo contratual, o que validam a experiência dessa estratégia, em que o profissional só deve se apresentar no trabalho 4 dias por semana.

40 horas semanais (8 horas por 5 dias úteis) é a média de trabalho mais adotada no país e no mundo. Devido a sua lógica comercial, o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional se torna bastante complexa, levando muitos compromissos pessoais ao adiamento ou ao cancelamento. A falta de flexibilidade do empregador pode ser um fator desmotivador. 

Desta forma, atividades que não estejam ligadas ao trabalho, tais como imprevisibilidade dos filhos, questões bancárias e lotéricas, dentre outras diversas, acabam sendo prejudicadas.

Justamente por isso que a estratégia que assegura um dia útil livre para resolver questões pessoais, ganha a aprovação e o interesse dos colaboradores. 

Uma jornada de trabalho de 32 horas ou 40 horas redistribuídas pode otimizar a motivação, contemplação e comprometimento dos empregados e, consequentemente, impactar os resultados da organização. 

O exemplo de aplicação do trabalho “4 dias por semana” na Microsoft

A unidade da Microsoft no Japão aplicou essa estratégia do trabalho, 4 dias por semana, e confirmou a hipótese de que trabalhar menos horas influencia a produtividade do trabalhador.

Com parte do projeto Work-Life Choice Challenge 2019, o teste foi executado durante todo verão, que ocorre entre os meses de julho e setembro.

Assim, os colaboradores tiveram suas cargas horárias reduzidas para 32 horas semanais, ganharam as sextas-feiras como benefício extraordinário e tiveram sua produtividade comparada ao mesmo período do ano anterior. 

O experimento provou um aumento de 40% no faturamento por funcionário e apresentou uma elevação expressiva da satisfação, 92% dos quase 2300 trabalhadores na Microsoft no país afirmaram ter sido beneficiados pela estratégia, que só exige estar no trabalho 4 dias por semana.

Além da oferta de um dia útil livre, o teste ainda colocou um limite de meia hora para qualquer reunião realizada no período e estimulou o uso da tecnologia para efetivar comunicações remotas. Afinal, estamos falando de uma gigante de software.

Isso resultou também em uma economia significativa das despesas. Com o volume de reuniões reduzido e o fechamento do escritório em um dia a mais na semana, o número de páginas impressas diminuiu em 58,7% e o consumo de eletricidade em 23,1%.

Portanto, é certo afirmar que a estratégia de trabalho “4 dias por semana” garante não apenas uma melhora na qualidade de vida dos colaboradores, como também oferece benefícios para a empresa, por meio da considerável melhora em sua produtividade e criatividade operacional. 

Japão e o excesso de trabalho

O termo “ikigai” pode ser entendido por “felicidade na vida” ou ainda, o “motivo de acordar de manhã” em japonês. Quantas pessoas colocariam o trabalho como um ikigai? Hobbies, relacionamentos, atividades de lazer, dentre outros, são muito mais prováveis de serem citados, não é mesmo?

Pelo simples fato de gerarem satisfação, essas incumbências se tornam essenciais no dia a dia para equilibrar a estressante e intensa rotina de trabalho.

O Japão é conhecido por ter uma cultura de trabalho rigorosa, com estímulo à dedicação extrema por parte dos trabalhadores. Segundo uma pesquisa da Central Research Services realizada em 2010 com 2.000 japoneses, apenas 31% dos participantes mencionaram ter um trabalho relacionado ao seu ikigai. 

Esse forte estímulo ao devotamento profissional ocorre devido ao rápido envelhecimento da população, a queda na taxa de fecundidade, a escassez de trabalhadores e a baixa participação das mulheres no mercado profissional. Mesmo sendo um pólo mundial de tecnologia e recursos digitais, o país ainda sofre com a falta de mão de obra.

Para tentar frear a situação desgastante, Shinzo Abe, o primeiro-ministro japonês, vem investindo na flexibilização das políticas de trabalho empresarial, na redução de horas extras, na diminuição das cargas horárias, e assim por diante. 

O experimento da Microsoft foi estruturada considerando essa demanda. Justamente por isso, os resultados da aplicação desse teste, que leva o funcionário ao trabalho 4 dias por semana apenas, no Japão são tão conclusivos.

Vantagens de uma jornada semanal de 32 horas

Com o exemplo da Microsoft, fica evidente o aumento nas vendas, a melhora na satisfação dos funcionários e a diminuição dos gastos.

Outras organizações como a Perpetual Gardens na Nova Zelândia e a Wildbit nos Estados Unidos também testaram a estratégia e provam que há mais vantagens a serem exploradas com essa estratégia laboral.

Por exemplo, o aumento na produtividade se deve principalmente a fatores como um melhor uso do tempo pelos funcionários e pelo aumento da felicidade em relação ao emprego. 

Em outras palavras, eles otimizam as atividade operacionais, fazendo menos pausas, passando menos tempo nas redes sociais, reduzindo as possibilidades de distração, atuando de maneira mais objetiva, dentre outros, e exercem o seu ofício com mais vontade e interesse.

Como uma consequência indireta dessa melhora postural, o trabalho em equipe é fortalecido. Afinal, todos precisam cooperar para que as metas sejam alcançadas sem prejuízo ou impacto no dia livre conquistado.

Os processos da empresa ganham um fluxo mais inteligente e ágil, facilitando a integração de departamentos, o alinhamento de dados e a redução de erros operacionais.

E há também, evidentemente, uma diminuição nas despesas do negócio. Ao funcionar durante um período mensal menor, todos os custos de manutenção do escritório (água, luz, tinta, e assim por diante) são reduzidos. Desta forma, a empresa ganha pela melhora na produtividade e na economia de recursos.

Outra vantagem está ligada ao bem-estar. Como a satisfação é estimulada, o absenteísmo foi minimizado, os atrasos reduzidos e a necessidade para sair mais cedo também foi contida. 

Todos ganham

Os colaboradores se sentem mais revigorados ao retornarem de folgas mais longas, e buscam maneiras mais inteligentes de serem eficientes durante o período de trabalho.

Oferecer um calendário laboral, de trabalho 4 dias por semana tem um efeito claro no equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. Independentemente do choque inicial dessa redução na carga horária, a criação de uma força de trabalho feliz e motivada não tem preço.

Uma semana de trabalho mais curta é uma estratégia interessante para otimizar os resultados da empresa e inovar a sua cultura organizacional. Os gestores de RH devem ficar de olho nessa estratégia, em que os profissionais só se apresentam ao trabalho 4 dias por semana. 

Afinal, esse é um investimento que beneficia não só o maior instrumento de valor de qualquer negócio, os colaboradores, como também a própria organização.

Fonte:Xerpa

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