um formato disruptivo para organizações e executivos

Imagem de Malachi Witt por Pixabay

Muito difundida em outros países, a gestão interina tem ganhado cada vez mais espaço no Brasil. Para aprofundar o conceito, a ABRH-SP promoveu, no último dia 29, o webinar Tendências e Desafios do Mercado de Trabalho, com as participações de Emanuel Silveira e Gisele Gaspar, ambos managing director & partner da Telos, empresa membro da Globalise, líder global de gestão interina; Acácio Queiroz, CFO e COO da Macmillan, empresa do segmento editorial; e Graziano Conti, gestor interino da Telos.

Conforme explicou Carla, a atividade de gestão interina consiste na alocação de executivos(as) c-level e de gerência sênior para trabalhar em modo projeto nas empresas clientes, de qualquer segmento ou tamanho, em atividades de várias naturezas: gestão de crises, reorganizações, empresas em recuperação judicial que precisam de uma guinada forte, preparação para fusões e aquisições, integrações, desenvolvimento de subsidiárias e divisões, profissionalização de organizações familiares, processos de transformação digital e também substituições temporárias.

Um exemplo típico de alocação do gestor interino acontece quando há a ausência de um executivo por uma questão de licença-maternidade ou licença médica e não existe uma pessoa pronta na empresa para ocupar a posição. “Muito comum, essa situação corresponde a 30% das missões da Globalise no mundo”, destacou Carla.

Outros exemplos são situações de melhoria de qualquer processo e área dentro das organizações: fabris, de produtividade, na gestão financeira, na área comercial, na cadeia de suprimentos… “Enfim, qualquer uma das áreas onde eu tenha de ter de fato um processo de melhoria mais robusto e não há dentro da organização alguém com essa experiência ou vivência”, completou Carla.

Os executivos interinos realizam a missão sem vínculo empregatício com a contratante, trabalhando em projetos que podem durar, no caso da Telos, até 24 meses. “Ele vai para a organização já sabendo o que tem de fazer, quando tem de fazer, com quem tem de fazer, como tem de fazer, com todos os objetivos preestabelecidos e aprovados”, assinalou Emanuel. “É um projeto que tem começo, meio e fim e este fim é a entrega do objeto pelo qual ele foi contratado.”

Na prática 

O webinar apresentou a experiência prática de uma empresa que já experimentou o modelo e de um gestor interino. Acácio contou que entrou na Macmillan com a missão de empreender uma grande reestruturação, mas, assim que assumiu, um gerente contábil, que seria chave para esse processo, teve de se afastar por uma doença grave. “Todo um pilar que eu havia considerado deixou de existir naquele momento. Tentei ver dentro da equipe e fora do país se alguém poderia assumir a cadeira, mas era algo muito específico. Além disso, não poderia dedicar o meu tempo para suprir essa posição importantíssima.”

O primeiro passo foi pedir ajuda ao RH local e ao RH global. O local apresentou algumas soluções, mas foi na conversa com o global que surgiu a ideia de considerar o modelo interino. “Dei início ao processo e, em duas semanas, recebi o profissional. Numa empresa global como a minha, em que a parte de compliance é fortíssima, colocar uma pessoa no contábil, na gestão de caixa, teria de ter algum respaldo, e esse respaldo foi dado pelo profissional indicado”, contou Acácio.

Como ninguém conhecia o modelo, uma parte importante do processo foi explicar para toda a empresa, de uma forma transparente, o que era gestão interina, quem era o profissional que iria ocupar a cadeira e a possível data de saída para remover qualquer dúvida ou falta de conhecimento que pudesse travar o desempenho dele. O interino foi tratado como qualquer outro profissional, participando de festa de Natal, de convenção de vendas… Assumiu a responsabilidade das entregas e também a gestão da equipe, fazendo contratações e demissões.

“Sempre me apoiei no RH para desmistificar a gestão do interino”, disse Acácio. “Acho importante os RHs entenderem bem como funciona um interino e observarem as vantagens, porque tudo é muito rápido. Como gestor, é importante entender que nem sempre precisamos contratar um profissional, podemos trazer alguém para ter início, meio e fim, que vai fazer parte da equipe e vai mudar a empresa, mas não vai ficar. A gente não precisa se apegar a esse profissional, mas sim ao legado que ele vai deixar.”

Com mais de 20 anos de experiência como gestor interino, Graziano contou que começou a trabalhar no modelo por acaso quando surgiu uma oportunidade de CFO temporário para cobrir uma vaga de uns quatro, cinco meses. Depois dessa experiência, as ofertas se multiplicaram e ele acabou trabalhando por projetos durante uns anos. “Tinha desenvolvido uma rede de contatos que me garantia projetos tanto de consultoria quanto de executivo em um fluxo contínuo. Um desses trabalhos, porém, acabou se alongando um pouco mais e fiquei sete anos em uma mesma empresa.”

Quando esse projeto terminou, Graziano, que já não tinha mais aquela rede de contatos, conheceu o modelo de gestão interina. “Descobri que o que eu fazia tinha nome e era uma profissão. Também aprendi que eles iam fazer o trabalho de buscar clientes e me deixar livre para me concentrar na gestão de projetos. O interino entra com uma forte intensidade por um curto período e tem pouco tempo para procurar novos clientes. Então, é fundamental que ele se apoie em uma empresa especializada, porque assim pode focar na execução e na entrega da missão pela qual foi contratado.”

Para ele, o executivo interino deve ser um pouco empreendedor. Não pode ter medo do próximo desafio e deve reduzir a ansiedade por saber se vai ou não haver outro projeto. Precisa ter uma experiência prévia no tipo de cliente, assim como na especialidade. “A experiência é fundamental, mas não é suficiente. É necessário ter a capacidade de ler o ambiente e adaptar-se muito rapidamente, ser um camaleão. Ser parte da empresa já no primeiro dia. Não há espaço para a síndrome do impostor. Devemos ter grande confiança de que podemos levar à frente os desafios, porque não há um dia igual ao outro nesse trabalho.”

Fonte: Assessoria de Comunicação ABRH-SP (11 de Outubro de 2021)

ABRH-SP

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