saiba como preparar o orçamento para o começo do ano

Imagem de calculadora ao lado de um bloco de anotações e um rolo de dinheiro

Começo de ano chegou e, com ele, uma lista de novas contas para pagar: Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), além das taxas de mensalidade e rematrícula de escolas e universidades e dos gastos com material escolar.

Segundo especialistas em educação financeira,fazer o registro das despesas diárias e a organização do orçamento é o primeiro passo para o consumidor evitar ficar no vermelho nos primeiros meses do ano– e o processo pode ajudar até mesmo quem já está endividado a retomar as rédeas da vida financeira.

Veja abaixo as principais dicas.

A primeira coisa a ser feita, dizem os especialistas, é entender o seu perfil de consumo e identificar qual é sua real situação financeira. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin), Reinaldo Domingos, são quatro situações principais: investidor, equilibrado, endividado e superendividado.

  • investidor:pessoas que já têm um domínio de sua vida financeira e já conseguem guardar e até investir recursos.
  • equilibrado:pessoas que não possuem problemas financeiros sérios, que têm dívidas sob controle e contas em dia, mas que ainda não conseguem guardar recursos suficientes para investir.
  • endividado:pessoas que possuem dívidas em andamento e não conseguem ter sobras de dinheiro no final do mês
  • superendividado:aqueles que jádeixaram de honrar seus compromissos e acabaram com o nome sujo na praça.

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Na ponta do lápis

Identificada a situação financeira, o próximo passo é o registro de receitas e despesas e o planejamento financeiro para os próximos meses. O processo é praticamente o mesmo para todos, mudando apenas pequenos detalhes entre um perfil e outro.

Para osinvestidores, por exemplo, Domingos afirma que a principal necessidade é entender e planejar os gastos do próximo ano.

“O orçamento financeiro é a chave para eu ter a certeza do que vai acontecer. E aqui, eu incluo não apenas as contas recorrentes, mas também as sazonais, como os gastos do começo de ano com IPTU, IPVA e material escolar e até mesmo as despesas com aniversários e datas comemorativas. Além disso, é importante pensar no longo prazo, planejando alguns anos à frente também”, explica o presidente da Abefin.

Já para os equilibrados, a dica é reorganizar as contas para conseguir sobras mais significativas no final do mês.

“Muita gente vive no limite e, nesse caso, é preciso sair um pouco da zona de conforto. Essa pessoa vai precisar fazer uma lição de casa, com uma boa faxina financeira nos seus gastos mensais e nos seus hábitos de consumo, para que ela consiga manter uma reserva e evite que algum imprevisto a torne inadimplente”, diz Domingos.

Os endividados, por sua vez, precisarão descobrir os tipos de dívidas que têm para então diagnosticar se elas são saudáveis ou prejudiciais. Para isso, é preciso entender quanto do orçamento já está comprometido com esses débitos e avaliar os riscos de um possível calote.

“Não é necessariamente o percentual do orçamento que está comprometido que importa, mas a situação em que a pessoa vive.É preciso entender que a dívida não pode ser colocada como um problema porque, quando ela é saudável, é maravilhosa. O grau de endividamento é que vai determinar quais mudanças essa pessoa precisa fazer na vida dela para não dar calote no ano que vem”, afirma o presidente da Abefin.

Para ossuperendividados, por fim, a dica principal é fazer o diagnóstico das dívidas. Na prática, isso significa colocar no papel todos os compromissos – os que já não foram honrados e os que ainda vão vencer – e estabelecer seu orçamento financeiro, para só então entrar em contato com o credor.

O objetivo desse processo é avaliar qual a capacidade de pagamento e, segundo os especialistas, muitas vezes esse caminho passa por assumir o calote até que se tenha recursos para possibilitar uma renegociação das dívidas.

“Quando essa pessoa consegue guardar algum dinheiro, ela tem massa para chegar no credor e tentar negociar um pagamento para uma parcela que seja menor, caiba no orçamento e que ela consiga pagar. É uma economia de guerra, e muitas dessas coisas passam por uma mudança de comportamento”, diz planejadora financeira da Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar) Angela nunes.

Autocontrole e estratégias alternativas

Para aqueles que não conseguem reorganizar o orçamento porque sempre há uma dívida nova,dicas como estabelecer objetivos e não se expor à tentação da compra também podem ajudar.

“Muita gente gasta mais do que o necessário ou do que o previsto porque compra pelo impulso ou se deixa levar pelo apelo do marketing. Então vale pesquisar o preço das coisas e até fazer uma reflexão se aquilo que você quer comprar é realmente necessário.É preciso se conhecer e, se não há esse autocontrole, não se exponha à tentação”, afirma Nunes, da Planejar.

Para ela,uma maneira efetiva de colocar os gastos em perspectiva é transformá-lo em horas de trabalho.“Basta calcular quantas horas você precisaria trabalhar para pagar aquela conta. Além disso, também vale separar o dinheiro que já tem algum destino e avaliar as despesas que você já tem, porque muitas vezes tem dinheiro demais em itens que não são tão necessários assim”, completa.

Outra dica importante dada pelos especialistas éexplorar alternativas criativas para diminuir os gastos. A economia colaborativa, por exemplo – modelo no qual os consumidores compartilham ou trocam produtos e serviços ao invés de adquiri-los – é uma opção, assim como comprar produtos no atacado, em parceria com outras pessoas, para barganhar descontos.

“A recomendação é tentar alternativas mais leves. Pensar em opções para que esse período de férias tenha experiências mais criativas do que custosas, por exemplo, ou compartilhar o uso de um carro parado em troca de ajudas de custo são coisas que também podem ajudar a reduzir gastos”, afirma Gustavo Cerbasi, especialista em inteligência financeira e sócio da SuperRico Projetos de Vida.

“A solução fundamental para esses problemas é conversar sobre eles. Não é vergonha nem humilhação dizer que está com dificuldade financeira quando quatro em cada cinco pessoas passam por isso. É preciso falar sobre dinheiro para que soluções criativas e interessantes sejam encontradas”, completa Cerbasi.

Fonte: Sindcont-SP

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