Apenas um estagiário: o preconceito e a injustiça

Eu estava dando o meu melhor. Buscava aprender com quem tinha mais experiência. Me esforçava para replicar com excelência.

Fazia todas as tarefas que me atribuíam, mesmo quando sabia que algumas não eram minha obrigação.

Tudo ia bem, até que um dia…

Fui acusado por algo que não tinha feito. Me culparam, mesmo eu não sendo o responsável. Eu fui injustiçado. Tudo isso porque eu era apenas estagiário.

Este foi um dos piores sentimentos que já tive.

Meu primeiro contato com o mercado de trabalho

Estamos no final de 2010.

Era o meu último ano no ensino médio. Em paralelo com a escola, cursava um técnico na área que era minha paixão, T.I. (Tecnologia da Informação).

Estava à procura de um emprego que pudesse conciliar com minha dupla jornada de estudos.

Entre algumas buscas frustradas de emprego, fui indicado por uma amiga para uma vaga de estágio na área de manutenção de computadores.

Pouco tempo depois de fazer a entrevista, recebi a notícia de que a vaga era minha. Estava muito feliz e nervoso. Era meu primeiro emprego.

Consegui o emprego

Poucos dias depois comecei a trabalhar.

Eu adorava o local em que trabalhava e o que fazia. Por trabalhar no setor central de T.I., existia aquele sensação de importância. Poucos estagiários iam para lá, a maioria era direcionada para setores periféricos.

O convívio entre todos era agradável e respeitoso, tanto com os estagiários, funcionários do setor de informática e os clientes. Pelo menos, até presenciar um conflito realmente sério.

Manda quem pode, obedece quem tem juízo

Há mais de seis meses na função, já estava familiarizado com meus deveres, rotinas e com a hierarquia da empresa. Eu tinha um chefe imediato, ele respondia pelo setor de T.I. da sede. Era para ele que eu me reportava. Acima dele, havia o chefe de todos os setores de T.I., o “Chefão”.

Em uma determinada sexta-feira, o fluxo de serviço estava bastante elevado. Estávamos com uma demanda de manutenções muito acima da média.

Como aquela situação não era corriqueira, não tínhamos lugar adequado para armazenar todos os computadores.

Então perguntei para o chefe imediato onde nós, estagiários, deveríamos colocar os equipamentos que estavam sem lugar para guardar. Ele indicou uma grande prateleira que havia na sala. Fizemos da forma que ele disse.

Final do expediente, serviço devidamente finalizado, todos foram embora.

Porém, não imaginávamos o que iria acontecer naquele final de semana.

Devido ao grande peso que havia sido colocado na prateleira, ela não aguentou e quebrou. Derrubando todos os computadores no chão.

A culpa é do estagiário

Na segunda-feira o assunto não era outro, não tinha como ser diferente.

“Quem teve a brilhante ideia de colocar todos aqueles computadores na prateleira?” – Disse o Chefão.

Na sequência, ele chamou o meu chefe na sua sala para conversar. A tensão era grande, o burburinho também.

Alguns minutos depois, todos os estagiários foram chamados para entrar na sala.

Os chefes pediram para que contássemos o que havia acontecido. Após termos contado, fomos surpreendidos com o “corajoso” comentário:

“Pelo contrário! Eu falei para eles não colocarem na prateleira. Era muito peso.” – Disse o meu chefe.

Estávamos chocados com tamanha covardia e cara de pau dele. Tentamos contra argumentar, mas a palavra dele “valia mais” do que a nossa.

Eu sou o chefe

Poucos minutos depois, a versão da chefia já estava no diretor. Eu e outro estagiário fomos chamados para falar com ele. Na sala da diretoria fomos informados de que no dia seguinte, devíamos nos apresentar em outro setor, uma das filiais.

Estávamos arrasados. Além de tachados de incompetentes ainda fomos chamados de mentirosos.

Novas oportunidades

A decepção era tanta que pensei em pedir demissão, mas minha mãe me aconselhou em pelo menos ver o que achava do novo lugar.

Os dias foram passando e para minha surpresa fui gostando do novo setor.

A rotina lá era diferente, muito mais dinâmica. Por existirem mais estagiários, havia um companheirismo muito grande, onde uns ajudavam os outros. Consequentemente, fiz muitas novas amizades e aprendi coisas que não iria aprender na matriz.

Alguns meses mais tarde, fui escolhido pelo novo chefe para ser responsável por um setor menor. Oportunidade que jamais teria se não tivesse passado por todo aquele transtorno na sede.

Na época não conseguia entender com clareza o que aconteceu. Não percebia que alguns males vêm para o bem. Mas hoje entendo que apenas pude aprender coisas que mudaram a minha vida porque tive algumas experiências ruins.

Da mesma forma que aconteceu comigo, pode ter acontecido ou ainda vai acontecer com você.

Você pode até desanimar, somos humanos, mas jamais desista. Imagine tudo o que eu teria perdido se tivesse desistido e pedido demissão.

Compartilhei a minha história para mostrar para você que as vezes vivenciamos coisas ruins, mas que elas são passageiras. Na hora não conseguimos perceber, mas essas situações ruins podem ser responsáveis por nos abrirem grandes portas de oportunidade no futuro.

E gostaria de fazer um pedido: não coloque mais a culpa no estagiário, assuma seus próprios erros!

Fonte: administradores.com.br

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