Paixão e propósito: conheça a história da Zenvia

Independentemente do que fazemos em nossas vidas, o porquê fazemos nunca muda. O menino tímido de 10 anos que descobriu o poder da tecnologia hackeando joguinhos, hoje é um dos empreendedores à frente de uma das maiores plataformas de comunicação, rumo à expansão global. Conheça a história de Cassio Bobsin, o fundador da Zenvia.

Os irmãos Wright não tinham a receita para o sucesso. Não havia financiamento para a aventura deles. Mas tinham algo especial: o sonho grande. Eles sabiam porque era importante construir uma máquina voadora. Acreditavam que, se conseguissem conceber o projeto, mudariam o mundo.

Wilbur e Orville estavam tão inspirados que não importava quantos reveses sofressem, eles estariam lá para mais tentativas. E então aconteceu. Em 17 de dezembro de 1903, os irmãos Wright conquistaram o céu.

Os irmãos Wright tinham propósito.

Assim como Cassio Bobsin: simplificar a comunicação por meio da tecnologia.

Porém, não se cria um propósito do nada. Em algum momento da vida, ele é encontrado. Cassio teve esse encontro muito cedo, mas ele só ficou claro anos depois, quando percebeu que empreendedorismo e tecnologia sempre foram a primeira, e única, opção.

Comece pelo propósito

A história começa no final da década de 80, quando, aos 10 anos, descobriu o poder da tecnologia por diversão.

Apaixonado por BBS – bulletin board system, antecessor da Internet – e por jogos de computador, principalmente aqueles de construir cidades e civilizações, começou a programar fazendo engenharia reversa: abrindo o código hexadecimal dos jogos. Nesta época, também aprendeu a se comunicar pela internet, antes mesmo de existir e-mail, interagindo com o mundo inteiro pelo seu quarto.

Foi neste período que encontrou o seu propósito: ele percebeu que poderia construir o futuro a partir da tecnologia.

Por ser o único que sabia mexer com computador, foi convidado a participar do grêmio estudantil em seu colégio. Com 16 anos, foi de um garoto tímido para o gestor de um time com dezenas de alunos. Quando se formou, já era reconhecido como um líder em sua escola.

Propósito elevado a potência

Simon Sinek diz que o propósito é uma causa, algo que uma pessoa acredita de verdade e o que orienta caminhos, decisões e empresas. É pautado na motivação, na transformação e no sonho grande. Cassio Bobsin não sabe dizer exatamente qual foi o seu Day1, pois entende que sempre buscou tratar cada dia da sua vida como Day1.

Sempre tive algo dentro de mim que me movia e eu sabia que queria liderar uma transformação. Por isso, sempre que vi uma porta para criar o futuro, eu entrei. Quando eu encontrei o propósito e ele me encontrou, tudo fez sentido.

Por isso, neste momento da vida, Cassio foi estudar Ciência da Computação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e, já no segundo semestre, estava abrindo uma empresa com alguns colegas de faculdade. Como era o mais novo e menos experiente, ficou responsável pelo o que ninguém queria fazer: atender os clientes e fazer o marketing da empresa. O que poderia ser chato para programadores, foi uma grande oportunidade para desenvolver habilidades de gestão.

Logo viu que seria difícil a empresa ir pra frente, já que os sócios eram todos da computação e com perfis similares. Foi então que resolveu sair para empreender um segundo negócio, focado em tecnologia web. Em 1999, com 19 anos, Cassio já estava oferecendo soluções para a internet, exatamente na época em que os e-mails começavam a se popularizar no Brasil.

O e-mail existia, mas não tinha uma tecnologia focada em envia-los para várias pessoas. Até onde sabemos, nós criamos a primeira plataforma de disparo de e-mail marketing. Não existia benchmarking”.

Neste meio tempo, Cassio e seu sócio também abriram uma empresa ponto com: um portal de baladas. Fazia sentido aos 21 anos.

Este empreendimento fez com que se deparasse com a tecnologia do SMS, numa época em que os celulares só recebiam mensagens, não conseguiam enviar. Então, criou um robô que entrava nos sites das operadoras e mandava mensagens para as pessoas que, por sua vez, podiam dizer em que dia da semana gostavam de ir para a balada e qual era o tipo de música favorito.

A solução chegou no auge: quase todas as pessoas que tinham celular em Porto Alegre recebiam as mensagens.

Porém, certo dia, os sócios descobriram que haviam derrubado o portal de uma operadora. Era a hora de tomar a segunda decisão: “a única condição de continuarmos enviando as mensagens era pagando. Como a gente não tinha dinheiro, tivemos que parar o negócio”.

A próxima decisão veio em seguida. Cassio viu que o telefone celular estava se transformando em uma tecnologia mais barata e acessível. Claramente entendeu que, no futuro, não só todo mundo teria um celular, como poderia dar acesso a internet e se tornar o dispositivo central das nossas vidas.

Então, largou as duas empresas e foi para a sua quarta aventura: a Human, que mais tarde se transformaria na Zenvia.

Grandes líderes confiam em suas intuições

Quem trabalha com senso de propósito está menos propenso a desistir depois de alguns fracassos.Tanto que Cassio pensou em desistir dos seus planos de gerar impacto através da tecnologia apenas uma vez.

Vindo de uma família de classe média, as dificuldades financeiras de um período de transição de empresas o fizeram se questionar sobre a trajetória de empreendedor e procurar um trabalho com carteira assinada. E foi assim que resolveu fazer a sua primeira e última entrevista de emprego.

No meio da conversa para uma vaga de analista de produtos em uma grande empresa, ele disse à entrevistadora:

– Sabe de uma coisa? Na verdade não é isso que eu quero. Eu quero empreender.

E resolveu finalizar a entrevista por ali mesmo e voltar para o seu propósito.

O começo do sonho grande

Em 2003, na Human, ele e seu sócio criaram um sistema para fazer análise das bases de dados dos clientes e criar clusters de clientes para campanhas hipersegmentadas que seriam comunicadas por SMS.

“Nessa época eu não tinha ganhado dinheiro algum, não tinha investimento. Nosso investimento foram duas cadeiras, dois computadores e um sonho.”

O produto era muito rebuscado para a época. Os clientes só entendiam quando os empreendedores falavam que poderiam enviar mensagens para os celulares. Eles não entendiam as análises de bases de clientes, apenas desejavam enviar uma mensagem igual para várias pessoas.

Isso levou o Cassio para a primeira pivotagem da empresa: apostar na cereja, que era o SMS, e jogar o bolo fora.

Então, os sócios precisaram desenvolver um sistema para enviar essas mensagens, o que antes era feito pelos sites das operadoras.

Como não tínhamos dinheiro, eu tive que voltar a programar. Já tinha enferrujado um pouco, então fiquei um ano aprendendo a desenvolver nossa plataforma. Ainda hoje tem resquícios do meu código, o pessoal deixa lá por lembrança.

A escala

Depois disso, foi possível contratar algumas pessoas, alugar um escritório e dar início à fase de escala.

Em 2008, a companhia entrou no ranking da Deloitte/Exame PME como uma das empresas que mais cresceram nos últimos anos. E o primeiro lugar só não foi possível porque a empresa era tão nova que faltaram notas fiscais para garantir a colocação.

Com o primeiro dinheiro que ganhou, Cassio resolveu investir em sua educação e fazer um MBA para complementar seu background técnico. A grande entrega foi o plano estratégico da empresa. O feedback que recebeu, na época, foi que as projeções estavam arrojadas demais.

Porém, anos depois, quando foi apresentar a scale-up em um fórum de investimentos, resgatou o trabalho e percebeu que os resultados superaram em três vezes aquela projeção considerada arrojada.

Eu nunca me ocupo com onde eu já cheguei. O que me move é o que posso aprender e onde posso chegar a partir daqui. Foi assim desde criança, quando estava aprendendo a mexer com o computador.

A Zenvia crescia e Cassio via, cada vez mais, a possibilidade de expandir o propósito de ajudar as empresas a se comunicarem com seus clientes de forma direta e contextualizada, agregando mais tecnologias, canais e ferramentas.

Em 2012, fez uma fusão com a concorrente Comunika e, em 2013, adquiriu as empresas PureBros e Zynk. As aquisições também trouxeram alguns obstáculos pelo caminho, relacionados à cultura. Dessa forma, Cassio recebeu, no ano seguinte, um aporte de R$ 71 milhões da Oria Capital e do BNDESPar e contou com a ajuda dos investidores para fazer um alinhamento cultural entre as empresas e vencer os obstáculos que haviam surgido.

Não tínhamos estruturado a cultura como um processo e isso acabou sendo um grande desafio em 2012 e 2013. Hoje temos um trabalho muito consistente de cultura. Por isso, nas operações de M&A, um dos grandes trabalhos que a gente faz é a fusão de cultura. Temos que identificar valores, símbolos e rituais, sempre respeitando o que o time que está entrando já construiu.

Em 2015, mais experiente nos processos de aquisição, a Zenvia adquiriu a Vivera, unidade de negócios da americana Spring Wireless. Em 2019, a TotalVoice, startup especializada em APIs de comunicação por voz, e, em 2020, a Omnize, startup focada em atendimento multicanal.

Somos uma empresa de comunicação que busca não só expandir as funcionalidades em termos de tecnologia, mas também para o mundo. Queremos ser uma empresa de tecnologia global.”

A materialização do sonho

Cassio sonha grande e continua fazendo projeções arrojadas: quer tornar a Zenvia uma empresa global. 2020 tem se mostrado o ano propício para isso.

Em julho, ele finalizou a aquisição da Sirena, acelerada pela Endeavor Argentina, que tem operação em três países da América Latina: Argentina, México e Brasil. A solução da scale-up permite que a Zenvia complemente sua plataforma substituindo o uso do WhatsApp pessoal para o profissional de vendas na comunicação com os clientes. Além disso, esse M&A marca o início da expansão internacional da empresa, começando pela América Latina.

Conhecemos a Sirena em 2019 e o processo de aquisição começou em fevereiro de 2020. Eu fiz um pitch para eles de casa, o que me lembrou de quando eu era criança, tentando dominar o mundo.”

E para sustentar essa expansão, a Zenvia agora conta com a maior rede de apoio a empreendedores do mundo. Ao ser aprovado no 96º Painel Internacional, o terceiro virtual, Cassio Bobsin recebe, oficialmente, o sobrenome Endeavor.

O gaúcho já era Empreendedor Endeavor antes de ser, já que sempre carregou consigo a mentalidade do efeito multiplicador, atuando como mentor, conselheiro e investidor em diversas startups, assim como fundador da WOW, uma mas maiores aceleradoras de startup do Brasil, sendo exemplo para o ecossistema de inovação não só de Porto Alegre como do Brasil.

Desde que eu bati o olho na Endeavor, entendi que era um grupo de pessoas que fazia sentido estar perto. Eu me aproximei da organização em 2013 e aprendi a praticar o giveback, ajudando a selecionar scale-ups e dando mentorias. E depois de quase sete anos, quando vi que tinha uma empresa que eu me orgulhava, uma cultura e uma estratégia de crescimento, eu entendi que era o momento de me candidatar para ser um Empreendedor Endeavor com a Zenvia.

zenvia

Hoje, a Zenvia habilita mais de 8 mil empresas a descomplicar a experiência de 200 milhões de consumidores por meio de sua plataforma de comunicação, que integra os processos e sistemas de gestão de diversos canais, como WhatsApp, SMS e voz.

Além disso, é uma das 17 empresas, em todo o mundo consideradas players no mercado de CPaaS (plataforma de comunicação como serviço) com base em requisitos técnicos da consultoria global Gartner Group, sendo a única sediada na América Latina. Só neste ano, a Zenvia já saltou de 220 para 350 pessoas compartilhando do mesmo propósito.

Busco sempre me empurrar para um lugar que eu não sei se eu vou dar conta. Mas eu nunca desisto. Eu me transformo e aprendo durante o processo. A evolução da Zenvia é baseada em um movimento constante rumo a um caminho ainda não trilhado.”

O garoto de 10 anos tímido, curioso e entusiasmado se transformou em um empreendedor exemplo, persistente e que aprende a cada passo que dá. A história de Cassio nos ensina que não precisamos saber exatamente onde queremos chegar. Mas, sim, porque queremos chegar.

O empreendedor se reinventou inúmeras vezes, errou e pivotou. Com disciplina para confiar na intuição e teimosia para permanecer coerente com o propósito, ele encontrou o caminho.

Como diz Antonio Machado:

“Caminhante, são tuas pegadas
o caminho e nada mais;
caminhante, não há caminho,
se faz caminho ao andar.

Ao andar se faz caminho
e ao voltar a vista atrás
se vê a senda que nunca
se há de voltar a pisar.

Caminhante não há caminho
senão há marcas no mar…”


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