Novos desafios na gestão de pessoas

Um dos pilares de gestão da atual Diretoria Executiva da ABRH-SP, a Transformação Digital tem sido tema de eventos realizados pela Associação com o objetivo de capacitar os profissionais de RH para que eles compreendam esse novo modelo e sejam protagonistas da necessária mudança nas empresas. Para ampliar as reflexões sobre seus impactos e desdobramentos, a Transformação Digital agora também é pauta da nova série deste jornal: RH Digital. Nela, executivos de RH e gestores de pessoas vão responder a duas questões sobre o tema. Diretor de Inovação e Tecnologia da Propay, Martius Haberfeld é o entrevistado de estreia. Confira:

 

GESTÃO DE PESSOAS – Como a Transformação Digital tem impactado a relação com os colaboradores nas organizações?

MARTIUS HABERFELD – As empresas estão mudando rapidamente a fim de acompanhar as novas necessidades de um público jovem de colaboradores nascidos na era digital. Esses jovens vêm cada vez ganhando espaço no mercado de trabalho e trazendo novos desafios para as áreas de gestão de pessoas. O propósito é o ponto mais importante para a nova geração que busca poder transformar o mundo em que vive, tornando-o mais justo e verdadeiro. Eles gostam de ter autonomia, de fazer suas próprias escolhas e estão acostumados com um ambiente mais ágil e dinâmico. Parecem mudanças simples, porém muitas empresas passam por dificuldades quando se deparam com políticas e conceitos defasados, que não acomodam essa nova forma de pensar e agir. O impacto dessas mudanças de comportamento atingirá todas as empresas, porém com graus diferentes e em momentos distintos. Aquelas com a população de colaboradores mais jovens e com maior grau de instrução sofrerão mais rapidamente os impactos, enquanto estruturas com um quadro formado por pessoas mais sêniores tenderão a permanecer no modelo atual por mais tempo. Da mesma forma, aquelas que têm como público-alvo pessoas mais jovens buscam rapidamente passar pela Transformação Digital, tanto em seus produtos e serviços quanto em seu posicionamento e comunicação com o mercado. Por isso, cada vez mais os jovens passarão a ocupar posições de destaque nas empresas fazendo com que se torne inevitável considerar suas necessidades individuais e seus novos comportamentos e crenças. Caso contrário, o poder de atratividade e de retenção de talentos será reduzido e as chances de sucesso nesse novo ambiente competitivo ficarão comprometidas. Dessa forma, é importante que sua empresa esteja acompanhando as mudanças e se preparando para os novos desafios de gestão de pessoas.

GP – Quais os impactos dessa Transformação Digital nos empregos e carreiras?  

MH – Desde os anos 1990, os projetos de racionalização e automação vêm transformando o mercado e reduzindo postos de trabalho, principalmente na camada operacional e com tarefas repetitivas. Basta ver o que aconteceu no mercado financeiro com a automação bancária, o autoatendimento e os internet bankings. A Transformação Digital acelera ainda mais esse movimento pelo seu poder de escala e de impacto nos negócios. Até então, apesar da velocidade com que a internet e os dispositivos móveis passaram a fazer parte do nosso cotidiano, a população teve oportunidades de se preparar e de se reposicionar em termos de conhecimento e carreira. O ponto de atenção mais relevante nesse momento, em termos de risco para aumento do desemprego, é a eliminação dos postos de trabalho pelo uso da Inteligência Artificial e da Robotização. Nesse novo patamar tecnológico, funções anteriormente consideradas intelectuais e de difícil automação passarão a ser “robotizadas”, tais como Jurídico, Financeiro, Atendimento a Clientes, dentre outras. Claro que posições serão eliminadas enquanto novas atividades demandarão mão de obra especializada. Por isso, acredito que muitos profissionais, que antes não tinham seus empregos ameaçados pela tecnologia, serão alvo dessa nova fase de evolução com a Inteligência Artificial e, talvez, o tempo para capacitação em uma nova função possa levar a um aumento considerável no desemprego no curto e médio prazo.

Fonte: O Estado de São Paulo, 13 de outubro de 2019

ABRH-SP

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