*Por Marcos Saito
Recentemente, a consultoria McKinsey compilou uma série de estudos sobre pessoas e cultura organizacional e as conclusões são alarmantes: 40% das pessoas entrevistadas em uma das pesquisas disseram que têm alguma possibilidade de deixar seus trabalhos no período de 3 a 6 meses. Existe uma crise de gerações e é urgente estabelecer um pacto geracional que dê conta de construir as pontes necessárias.
A cultura tóxica é citada como maior força de expulsão das empresas. Ainda, funcionários disseram ficar na empresa se são valorizados por ela e pela liderança; se estão imersos em um ambiente de cuidado e confiança por parte da equipe; têm flexibilidade de horários; conseguem construir senso de pertencimento e enxergar potencial de crescimento.
Já as empresas acham que as pessoas pedem demissão por problemas de saúde, por oferta de outras empresas, por trabalho remoto, melhor salário, melhor emprego e oportunidades de desenvolvimento.
Para além de explicitar o quanto trabalho e bem-estar estão com dificuldade de conversar respeitosamente, os dados devem ser olhados sob a perspectiva da liderança e da influência. Como pessoas da geração X, que hoje ocupam a maior parte dos cargos de liderança, estão influenciando as pessoas? E que tipo de legado é deixado quando o assunto é gestão de pessoas?
Quando observada pela perspectiva das discussões em curso sobre percentuais e motivos para que millenials sejam contratados ou peçam demissão, urge ir além do problema: é preciso caminhar para a resolução. É necessário um pacto geracional que seja capaz de substituir o C, de conflito, em duas frentes: compartilhamento e colaboração.
Para isso, é preciso admitir que todos se influenciam mutuamente, o que requer responsabilidade nas relações. Este ciclo passa por sinceridade, objetividade e clareza no trato entre todos os envolvidos, a fim de se estabelecer um pacto geracional verdadeiro e que conecte pessoas.
Com a finalidade de construir ambientes de trabalho menos tóxicos e criar bases para o pacto geracional, deve-se perseguir seis parâmetros. Confira!
1. Segurança
Criar um ambiente livre da engessada cultura do erro, estimulando e valorizando a colaboração entre áreas, o método, o compromisso e a influência positiva.
2. Resultado e bem-estar
Aceitar as pessoas em suas individualidades e potências. Todo conhecimento é válido e deve ser valorizado. Ambientes de bem-estar permitem a expressão das pessoas, contribuem para o senso de pertencimento e para melhores resultados.
3. Todos podem ser bem-sucedidos
Estimular as pessoas a se desenvolverem e buscarem prosperidade. É papel da liderança criar ambientes que tornem isso possível, da mesma forma que é preciso treinamento e desenvolvimento para que as lideranças possam também se autodesenvolver.
4. Boa autonomia
Promover o autoconhecimento para que as pessoas sejam capazes de compreender o valor do lifelong learning, da interdependência e do multiculturalismo. Essas dimensões nascem e se alimentam da união de saberes, experiências, culturas, gerações, etnias, raças, gêneros e de todos os níveis de diversidade.
5. Empatia real e senso de comunidade
Nas organizações, os desafios partem da necessidade de transformação de ambientes formatados na hierarquia e em processos que em sua maioria servem à organização, não às pessoas, o que oprime a empatia e a construção de uma comunidade.
6. Comunique com clareza e agilidade
Não há mais espaço para descasamento entre discurso e ação. Comunicação e gestão devem caminhar como um corpo único, em um posicionamento de responsabilidade entre discurso e cultura.
Essas seis dimensões ajudam as empresas a trabalharem pessoas como legado, e não resultados. E estabelecem as bases para um pacto geracional efetivo, que permeia a empresa em todos os níveis. É uma nova perspectiva, necessária para que seja possível buscar novos resultados em gestão de pessoas e, principalmente, retenção de talentos.
Então, conseguiu entender que o pacto geracional é caminho para a união de bem-estar e trabalho?
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*Marcos Saito é CEO da consultoria Inspiresell e atua há 30 anos em ambientes corporativos e multiculturais nas Américas, Ásia e Europa.