Mundo digital: pandemia altera a forma de consumo

Processos da rotina da indústria da moda foram diretamente afetadas pela pandemia. Agora, empresas do ramo recorrem ao meio digital para manter a relação com o consumidor, fazer ensaios fotográficos e vender.

Boa parte das lojas de roupas e fábricas das varejistas estão fechadas devido as medidas do isolamento social. A Hering, por exemplo, está com a fatia industrial do negócio trabalhando com capacidade mínima, buscando manter as medidas de distanciamento e quantidade de pessoas por metro quadrado. O planejamento, a criação e o marketing estão trabalhando em home office.

Thiago Hering, diretor executivo da Cia. Hering, comenta sobre as mudanças. “Sempre estivemos habituados a trabalhar com olho no olho, neste contato físico próximo junto a equipes, parceiros e consumidores. É por meio dele que construímos ideias, desenvolvemos projetos de sucesso e realizamos novas descobertas, seja por meio de um brainstorm, um ensaio fotográfico ou em conversa em loja com nossos clientes”, diz Thiago.

Para o Dia das Mães, as lojas recorreram para o mundo digital. As campanhas da Riachuelo e C&A, foram feitas de maneira remota. Na campanha “Amor Que Nunca Para”, publicada nas redes sociais da Riachuelo, mães famosas, anônimas e colaboradoras da marca, cantaram uma música ao redor da casa. As gravações foram autorais e a equipe da empresa foi responsável pela edição.

Já na campanha feita pela Renner, mães e filhos receberam algumas opções de roupas, fizeram sua própria produção e gravaram vídeos pelos seus celulares. O conceito da campanha foi todo trabalhado e explicado através de reuniões por videoconferência. Atualmente, a marca também suspendeu a participação de modelos para cadastro de produtos no e-commerce e está usando apenas imagens de still, envolvendo o menor número de pessoas possível.

Na visão de Thiago Hering, o cenário em que o mundo vem enfrentando, reforça comportamentos proeminentes, como o consumo mais consciente e planejamento de coleções mais longevas focados em produtos básicos e atemporais, que passam por diferentes estações. O momento acelerou o desenvolvimento de medidas para a comercialização através de canais digitais, o que era um caminho traçado para qual o setor já vinha se deslocando.

A Amaro que foi criada no mundo digital, também sofreu com os efeitos da crise. A marca teve que adiar a inauguração de três guide shops e alterou a produção de campanhas e do lookbook da marca, que foi feito através da ferramenta Google Hangout. No entanto, o momento possibilitou novas soluções, como a implantação do atendimento via WhatsApp e a criação da Mara, uma modelo virtual em forma de avatar criada com base em dados da equipe de business intelligence da marca, que vestirá e apresentará looks e lançamentos da Amaro na plataformas digitais. Além disso, a empresa capacitou 20 funcionários de suas operações físicas para conversar, dar dicas e apresentar produtos para clientes através do digital. No mês de abril, 40% das compras feitas no site da Amaro, foram por novos clientes.

Com a sua expertise concentrada no meio digital, a Amaro estendeu sua plataforma de e-commerce a outras marcas de moda no projeto chamado Amaro Collective, que tem como objetivo apoiar outros empreendimentos durante a pandemia. Outra iniciativa da empresa foi a campanha #SeparadasMasJuntas – também criada de forma remota. As peças mostravam influenciadoras em situações diferentes da rotina em casa. As roupas foram enviadas e elas e as próprias se fotografaram. A edição do material foi realizado pela equipe da Amaro.

Nesse período de pandemia, a C&A teve um aumento nos canais digitais. A empresa crescia aproximadamente, dois dígitos no e-commerce e hoje, está na casa dos três. O aplicativo da empresa cresceu em 500% a na sua base de usuários em 2019. No último ano, a varejista destinou R$ 106 milhões para tecnologia ao seu e-commerce e com o aplicativo o objetivo de que eles sejam cada vez mais intuitivos, informativos e completos.

Já a Riachuelo viu seu aplicativo dobrar em vendas e teve mais de um milhão de novos downloads.

Enquanto as coisas não voltam ao normal, as marcas reforçam a importância de seguir mantendo contato com o consumidor e buscam disponibilizar alternativas para que os que seguem em cada. A C&A por exemplo, criou o projeto C&A em Casa, um tipo de agenda de aulas de danças, meditação, lives, cursos e bate-papos sobre diferentes temas com a participação de influenciadoras digitais, microempreendedores e profissionais autônomas que tiveram suas atividades e fontes de renda suspensas temporariamente.

Com o mesmo intuito, a Renner está ministrando aulas de yoga, visitas guiadas a museus e programações voltadas aos pais com crianças. Além do mais, lançou o Renner Live Music, projeto conta com transmissões ao vivo com diversos artistas.

Causas Sociais

Com a decisão de não demitir seus funcionários sem justa causa e, através do Instituto Lojas Renner, a empresa já destinou R$ 4,1 milhões para o apoio a hospitais e profissionais da saúde em diversas regiões do país e a ONGs para prestar assistência a famílias que estejam em situação de vulnerabilidade. Ademais, criou a plataforma de Inovação do Bem, em parceria com o Hospital Albert Einstein, para unir instituições hospitalares a produtores e EPIs e uniformes, favorecendo a aquisição desses equipamentos em todo o Brasil.

A Cia. Hering, destinou em março, parte da sua produção para doação de uniformes de proteção a unidades de saúde de Santa Catarina, Goiás e Rio Grande do Norte. Ainda, usou o lucro obtido com a venda da coleção “Camisetas com Amor” para a compra de ventiladores pulmonares. E mais, parte da venda da coleção “Amor Essencial”, será destinada para a Central Única das Favelas.

Futuro digital

Para Denise Door, diretora de marketing da Amaro, o futuro será cada vez mais digital. “A crise tem colocado à prova o instinto de sobrevivência das marcas off-line, que tiveram que antecipar planos futuros e mergulharem de cabeço no universo digital. Não acredito que essa mudança para o online seja temporária, mas sim algo que mude a maneira de consumo da categoria”, comenta.

Marcella Kanner, gerente de marketing da Riachuelo, conta que quando a empresa voltar a produzir, estará focada na cadeia nacional, para gerar mais empregos no país. “O cenário ainda é incerto e sem prazo para tudo passar, fica difícil fazer uma previsão. Porém, estamos percebendo de podemos acelerar nosso modelo de negócio, e utilizar ainda mais tecnologias e soluções inovadoras para nos conectarmos com os clientes e rodar a nossa cadeia”, finaliza.

Fabio Faccio, diretor presidente da Lojas Renner, conta que a moda continuará sendo importante e fazendo parte do universo das pessoas. “O que deve mudar é a forma de consumo, que deverá fortalecer as marcas com melhor experiência omni, com propósito e posicionamentos coerentes para esse momento”, diz.

Fonte: Meio e Mensagem

Redação Grupo Studio

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